22/08/2023

Mãos, cores e sensibilidade se misturam e dão forma à arte que cura

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Walquiria Bezerra durante trabalho de arte cura (Foto: Divulgação)

Para ela, a arte é a manifestação mais íntima e complexa do espírito humano. Esteja num plano de vibrações mais sutis ou na vida terrena. E é através dessas manifestações que a artista ajuda as pessoas que sofrem.

Walkiria Kaminskimédium psicopictográfica, iniciadora do movimento Arte Cura no Brasil, é mestre em Teoria Literária e Arte Terapia para a saúde mental. Profissionalmente trabalha como consultora educacional, é escritora de livros didáticos e paradidáticos para crianças jovens, adultos, educação especial e inclusiva. Aplicando os conceitos de Arte Cura associados à ciência, trabalha voluntariamente há mais de 30 anos como arteterapeuta junto a médicos psiquiatras nas favelas brasileiras, em especial, em Fortaleza, onde mora atualmente.

Mas as suas raízes continuam fortes em Guarapuava, onde viveu desde o primeiro ano de vida, após ter nascido em Curitiba. “Nasci em Curitiba e passei os primeiros anos de vida na Rua Visconde de Guarapuava. Antes que completasse um ano meu pai, o advogado Dr. Oscar Bezerra da Silva, levou a família para morar no alto da linda Serra da Esperança”.

Em Guarapuava, a artista morou na rua XV de Novembro, no prédio do “inesquecível guarapuavano Antonio Lustoza de Oliveira, cuja mãe generosamente acolheu em sua fazenda os leprosos que perambulavam pelas redondezas da cidade, criando assim, na região de Guarapuava, o primeiro abrigo para hansenianos do Paraná”.

Relembrando a sua infância, Walquíria conta que foi alfabetizada pela “querida professora Silvanira Acyolli  Penha. Estudei no Visconde de Guarapuava, no Colégio Manoel Ribas, na Escola Normal Professor Amarílio de Oliveira. Graduei-me em Letras pela FAFIG e fiz meu primeiro mestrado na área pela PUC do Paraná”.

Casada com Aristoteles Kaminski, foi no hospital São Vicente através das mãos do “querido amigo Ubirajara de Azevedo que nasceram meus três filhos – Ricardo (hoje consultor da Unesco) e pesquisador do IPEA em Brasília; Leandro, que acaba de formar-se em História pela Unicentro e me deu a alegria do nascimento primeira netinha, Antonela; e Fabio, profissional em TI” .

A artista preparando tintas (Foto: Divulgação)

A veia literária de Walquíria Kaminski explodiu nos anos 80 quando, ainda em Guarapuava, escreveu o primeiro livro. Filha de uma família seguidora da doutrina espírita, o romance Pescadores de Almas é um relato de experiências de paranormalidade e mediunidade na Arte, embrião do projeto Arte Cura que hoje existe 22 cidades brasileiras.

Aos 65 anos de idade, a guarapuavana já publicou outros 17 livros, entre didáticos e paradidáticos;uma reedição  ampliada do Pescadores de Almas que virou peça de teatro com bastante sucesso no Rio de Janeiro e acaba de entregar à editora de São Paulo outros nove livros de educação inclusiva para crianças entre cinco e sete anos de idade.

Iluminada por Miguel Bakun, pintor pós-impressionista e expressionista brasileiro, sendo considerado um dos pioneiros da Arte Moderna no Paraná; o escultor mineiro Aleijadinho;  e Frida Khalo, pintora mexicana; muito mais do que arte, as telas psicopictográfica de Walquíria Bezerra tem poder de cura. Vê-la trabalhar com as mãos, sem usar pincéis, e numa mistura de cores, e depois ver o resultado do trabalho nos refletir sobre uma dimensão superior.

A sensibilidade da artista aliada ao amor pelo próximo encontra o seu caminho na adolescência. “Desde a adolescência, aflita com os sofrimentos humanos, mergulhei no mundo dos mais frágeis e como voluntária favelas brasileiras de mais de uma dezena de estados,  acabei fazendo pós graduação em Autismo, Arte Terapia para Saúde Mental e Terapia Comunitária Sistêmica”.

Walquiria recebendo o carinho de uma pessoa (Foto: Divulgação)

Atualmente, ela mora no Ceará para onde foi a convite do médico psiquiatra Adalberto Barreto para trabalhar nas favelas do nordeste com redução de danos em saúde mental e do sofrimento em crianças vítimas de abusos e violência. “O meu trabalho é voluntário”, diz.

Para 2018, ano em que completa 66 anos, ela diz que continuará escrevendo livros para a educação e proteção à infância e trabalhando como palestrante motivacional, formadora e consultora educacional para quatro empresas de educação do Estado do Ceará, cujas ações se estendem a todas as regiões brasileiras.

“E onde tudo isso começou? Em Guarapuava, cidade preciosa que foi o berço de meu crescimento e na qual, por um desses caprichos do destino fui, por um tempo diretora do Museu Visconde de Guarapuava. A Guarapuava e a esse povo amado onde constitui minha família do coração, toda minha gratidão”.

Cristina Esteche

Jornalista

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