Lideranças apostam na união de forças para atrair a Cargill

A união do setor produtivo e de lideranças políticas em torno da luta para que Guarapuava seja escolhida para o novo investimento da Cargill ficou evidente na reunião sediada no Sindicato Rural de Guarapuava, no final da tarde desta sexta-feira (01). Representantes de 15 entidades, o secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano, Cezar Silvestri, os deputados estaduais Cesar Filho e Bernardo Ribas Carli, o diretor da Compagás Luciano Pizatto, secretários municipais, a vereadora Maria Jsoé Mandu Ribas, debateram durante mais de três horas as estratégias que serão utilizadas para convencer que o município é o melhor local para a instalação de uma fábrica de processamento de milho para produção de soluções em amidos e adoçantes num investimento que trará também seis outras empresas (denominadas satélites). Juntas, devem investir R$ 1,2 bilhão. Só a Cargill investirá mais de R$ 350 milhões.

Uma nova reunião ficou agendada para a segunda-feira (4), às 14 horas, no próprio Sindicato para a elaboração de um novo documento contendo todas as informações sobre Guarapuava. Um encontro com o governador Beto Richa e uma comissão de lideranças empresariais e políticas será agendada por Silvestri. A data ainda não está definida. A intenção é convencer o governador de que Guarapuava será o melhor local para a fábrica, uma vez que contribuirá para viabilização da Ferroeste.
“Já estive reunido com o governador Beto Richa, que assegurou dar todo o suporte necessário para o município que receber os investimentos. Também já mantive contato com representantes da empresa e coloquei Guarapuava e região à disposição, apresentando alguns dados preliminares da estrutura regional e deixando claro que o município tem condições de receber os investimentos”, assegura Cesar Filho.

Para tentar vencer a disputa pela nova fábrica da Cargill contra Ponta Grossa e Castro, já que Londrina e Maringá foram descartados, as lideranças apostam em dados do município. Guarapuava, por exemplo, é o maior produtor de milho. Segundo dados do Sindicato Rural, na safra 2008/2009, a região de abrangência do Núcleo Guarapuava (12 municípios) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB) plantou 127.500 hectares de milho, produzindo 729.520 toneladas. Em 2009/2010, foram 111.400 hectares, com produção de 726.800 toneladas. A estimativa para a safra 2010/2011 é de 95.500 hectares de área plantada de milho e produção de 660.000 toneladas na região, ou seja, temos produção de milho suficiente para atender as indústrias. Hoje o volume do excedente de milho exportável da região é significativo. A proximidade com municípios produtores do milho safrinha, que supre o mercado na entressafra do produto, é um ponto a mais para Guarapuava em relação ao principal adversário que é Ponta Grossa.

Para Cesar Filho, são questões como essas – de produção da matéria-prima, que é o milho, e de logística – que colocam o município em vantagem. “Guarapuava e região têm todas as condições de suprir a necessidade da empresa, pois somos grandes produtores de milho”, destaca.

De acordo com o secretário de Indústria e Comércio de Guarapuava Mauro Cláudio Temoschko, o município atende a todas as necessidades do projeto técnico para instalação da Cargill no município.
“Estamos concentrando esforços para que esse investimento venha para o nosso município”, afirmou.

SOMA DE ESFORÇOS
Mas é na união das forças políticas e do setor produtivo do município que reside o maior argumento. A união de forças que resultou na implantação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) em Guarapuava foi lembrado como um “case” a ser seguido, tanto pelo secretário Silvestri, quanto por Cesar Filho e pelo coordenador da FIEP (Federação das Indústrias do Paraná), o empresário Julio Agner.
“Já tivemos uma prova de que se unirmos todas as nossas forças conseguimos alcançar nossos objetivos. Essa união deve ocorrer novamente para que consigamos assegurar esse importante investimento que resultará em centenas de novos empregos para Guarapuava e região”, destacou Silvestri. 
De acordo com o deputado, já foi provado que a união traz resultados significativos no caso da instalação da UTFPR no município. “A nova fábrica vai gerar um salto de desenvolvimento nunca visto em Guarapuava e, por isso, teremos que unir todas as forças políticas para a conquista desse projeto”, defende.

O reitor da Unicentro, professor Vitor Hugo Zanette colocou a Instituição à disposição das entidades e da própria Cargill, lembrando que a universidade forma mão de obra que poderá ser disponibilizada à empresa. A área de pesquisa que encontra respaldo também na FAPA (Fundação de Pesquisas Agropecuárias), da Agrária, além da própria Unicentro, foi apontada como ponto favorável ao município.
Luciano Pizatto, diretor da Compagás afirmou que “se depender da força política Guarapuava terá a Cargill”, mas chamou a atenção para um fato: “mas dependerá da estrutura que vai ser oferecida à empresa”, condicionou.