22/08/2023

Um pouco de saudade!

Fui criada em meio a política, convivendo, principalmente, com meu tio materno Antonio Esteche, vereador em Guarapuava por várias legislaturas. Militou na política representando o então distrito de Goioxim. Homem bom, íntegro, honesto, que dedicou a sua vida pública defendendo os interesses do povo que representava. Foi presidente da Câmara, ao lado de homens de bem como o ex-presidente João Bosco Pires, o Mendes Alfaiate, o Dr. Barão e outros, os quais me fogem à memória. 

Muitas passagens pitorescas marcaram a vida do meu tio Antonio, assim como de muitos outros. São fatos peculiares, próprios das pessoas simples do interior, como tropeços da língua portuguesa, falta de informação e outras coisas aceitáveis para a época. O que é inaceitável nos dias atuais é que pseudo lideranças se transvistam de "defensores"  do povo para atuarem descaradamente em benefício próprio. E desses, não o inferno, mas a terra está lotada. E escrevo com conhecimento de causa. Tenho conversado diariamente com inúmeras pessoas, muitas das quais, pré candidatas em 2016. E sabem qual é a maior preocupação? Não pensem que é o povo, mas qual vai ser o valor do subsidio de vereador a partir da próxima legislatura; qual a roupa que vai passar a usar quando for candidato; qual o perfil que vai adotar para ganhar o eleitor. Será que esss pré candidatos confirmam seus nomes se o valor for reduzido como a sociedade quer?

E não se assustem se "assombrações"  começarem a surgir com chapéus, botas, bombachas, lenço no pescoço; outros até com gaitas em punho, "inchando" festas de igrejas, concentrações em escolas, jogos de futebol, inaugurações.

Já vi " políticos" plagiando o ex-deputado Mão Santa, o deputado Tiririca, o Enéas, e o cúmulo- até tentando se comparar à Madre Tereza de Calcutá. Como se a indumentária, a imitação fajuta conseguissem esconder a verdadeira indole de quem se transveste. São protótipos dos seres humanos que não deram certo e os quais precisamos aturar para " queimar" alguma mácula passada, como bem me disse um amigo na manhã desta quinta feira.

Infelizmente,por meio dessas pessoas, percebemos ainda existe a prática da política, arcaica, que tenta sugar o voto, principalmente, de pobres coitados que buscam uma cesta básica para matar a fome momentâneamente. Mas a esperança é que povo, cansado de apanhar, pegue, sim a cesta básica, sacie a sua fome e descarte essas pessoas na hora do clique na urna.

Afinal, o voto em tempos modernos é eletrônico. O antigo método da cédula foi sepultado, assim como a maioria dos políticos de outrora que compunham o Legislativo Municipal para defender os interesses coletivos, sem ganhar qualquer valor monetário. Sem superfaturamento, sem obras para "lavar dinheiro", sem rachas de salários, sem desvios, sem " fantasmas". Era um tempo em que  a tribuna era ocupada para debates sérios e não para despejar asneiras, como acontece, na maioria das vezes. Mas tudo isso ficou na saudade, como a que sinto pelo meu tio Antonio, pelo pai João Maria, pelo meu irmão João Augusto – que  foi vítima fatal de interesses espúrios.

Cristina Esteche

Jornalista

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