22/08/2023

Um país em segundo plano

UM PAÍS EM SEGUNDO PLANO.

Havia um tempo em que acreditava que viajar cheio de esperanças era melhor que chegar. Este idealismo, por muito tempo, movimentou muitas pessoas com princípios igualitaristas.  Hoje, em razão de uma série de fatores, começo acreditar que é possível chegar ao destino pretendido sem negociar. Isto se deve à resistência de pessoas extraordinárias, mas também ao fratricídio político de homens e mulheres em retirada da vida pública. 

Política e negociação em nosso País [infelizmente] sempre estiveram no mesmo quarto, na mesma cama. Hoje, visualiza-se um cenário em que dá para sepultar esta máxima e a mudar o carimbo da política. A necessidade de um novo fundamento e uma nova lógica ganha cada dia mais adeptos.

Os sintomas de uma possibilidade diferente começam a dar sinais. O ambiente de autodestruição dos detentores de um poder que precisa cair está sendo gradativamente substituído por um meio puro que só quer a pura intenção de fazer, corrigindo o que está errado e acrescentando o que falta. O exemplo da desconfiança dos dois maiores nomes da política brasileira evidencia isto. Dilma não confia em Temer e a recíproca é verdadeira.  Outro exemplo vem de uma declaração externa onde o jornal britânico Financial Times definiu a capital Brasília como uma "versão tropical dos Jogos Vorazes", sentenciando que o que está em jogo é apenas a sobrevivência individual de cada um.  Está explícito que tucanos, petistas, pmdbistas e outros cúmplices estão apenas dispostos em salvar sua pele,  deixando para um segundo plano a preocupação com a economia nacional e a sociedade brasileira.

Ora, o que defendo aqui não é muita coisa, apenas uma necessária transgressão para uma nova realização. Assim, tudo caminha para que uma revolução diferente abra espaço para o surgimento de uma voz média, um meio sem finalidade ou o renascimento da confiança em  novos porta-vozes da esfera pública.

O desabafo de Fernando Haddad, atual Prefeito de São Paulo,  é digno de ser colocado em outdoor na rua principal de qualquer cidade. Disse: “Quando você tem um sonho de transformar a sociedade em favor da igualdade e você se desvia para se apropriar de recursos ou para beneficiar quem quer que seja, você está cometendo dois crimes: o primeiro é colocar a mão em recurso público , o segundo, você está matando um projeto político”.

O fato é que, no presente momento, todos são suspeitos. Infelizmente, aqueles que não merecem este adjetivo precisarão provar o contrário. A grande lição que fica é que aquele estado de impunidade e de um círculo de intocáveis na política está dia a dia caindo por terra. Coisa jamais vista em qualquer outro país da América e da Europa.

Concluo citando a Professora de Filosofia Márcia Tiburi que esclareceu: “Melhorar o nosso olhar é o que nos cabe antes que tenhamos devorado uns aos outros pelos olhos e aniquilado nossa chance política”.

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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