22/08/2023

Audiência Pública em Guarapuava discutiu fracking e seus perigos

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Lizi Dalenogari

Guarapuava – Na última sexta-feira (11), na Câmara Municipal de Guarapuava, aconteceu mais uma audiência pública sobre os riscos ambientais, econômicos e sociais do fraturamento hidráulico, tecnologia minerária altamente poluente para exploração de gás de xisto (shale gas).

A deputada estadual Cristina Silvestri e representantes da 350.org Brasil, Fundação Arayara Cooperlivre e COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil participaram da audiência solicitada pelos membros da Comissão de Agricultura e Defesa do Meio Ambiente da Câmara. Guarapuava já está protegida do fracking por força de uma lei municipal que impede a concessão de alvará para empresas petroleiras. Agora, a meta é ampliar essa proibição ao impedir também o trânsito de caminhões com produtos químicos e areia, além do uso de água para fraturamento hidráulico. Cristina também é autora de um projeto de lei que dispõe sobre uma moratória de 10 anos para o licenciamento de exploração do gás de xisto do Estado do Paraná pelo método fracking. O projeto de lei também leva a assinatura dos deputados Márcio Nunes, Rasca de Oliveira, José Schiavinato e Fernando Scanavaca, e está em tramitação na Assembleia Legislativa do Paraná.

Guarapuava é uma das 22 cidades do Paraná que poderão ser impactadas pelo fracking na região Central, além de Candói, Cantagalo e Goioxim, que ainda estão em risco por não terem legislação municipal proibindo esta atividade minerária para exploração do gás não convencional.

“Temos que fazer um esforço para informar e mobilizar a população das cidades paranaenses, pois muitas delas terão 100% de seu território impactado por essa tecnologia minerária que contamina a água e inviabiliza a produção de alimentos”, afirmou o coordenador da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil – Dr. Prof. Juliano Bueno de Araujo.

É PRECISO PROIBIR O FRACKING

“Muitos países do mundo já baniram o fracking, que provoca também a intensificação das mudanças climáticas”, alerta a diretora da 350.org Brasil, Dra. em Ciências Climáticas Nicole Figueiredo de Oliveira, parceira da COESUS na campanha contra o fraturamento hidráulico no Brasil e países da América Latina. Nicole enfatizou ainda que somos auto suficientes em energia elétrica no Paraná.

A campanha Não Fracking Brasil conseguiu em 2013 suspender os efeitos da 13ª Rodada de leilões da ANP (Agência Nacional do Petróleo) que vendeu lotes no Paraná para exploração de gás não convencional. Uma liminar obtida pelo Ministério Público Federal impede que o fracking aconteça e contamine as águas de superfície e do aquífero Serra Geral, principal reserva para abastecimento público e para a agroindústria.

O QUE É FRACKING

A extração do "shale gas" (gás de xisto) ocorre por meio de uma técnica de fraturamento hidráulico de rochas subterrâneas, com utilização de água, areia e produtos químicos. A técnica consiste na perfuração do solo, por meio de uma tubulação, onde são injetados de 7 a 15 milhões de litros de água e mais de 600 tipos de produtos químicos (inclusive substâncias cancerígenas).

A grande quantidade de água é usada para explosão das rochas, e os químicos para mantê-las abertas para a passagem do gás.Além da alta contaminação subterrânea, cerca de 15% da água poluída com os resíduos tóxicos retornam à superfície, sendo armazenada em piscinões a céu aberto.

O evento foi uma iniciativa do vereador Germano Toledo Alves (PR), presidente da Comissão de Agricultura e Defesa do Meio Ambiente, e também autor da Lei 2463/2015, juntamente com o vereado Neto Rauen, que proíbe o uso desse método de extração no local. Além de Germano, o vereador Mario Fernando Scheidt também participou da Audiência Pública.  

Contatos para outras informações com o vereador Germano Toledo Alves. Telefone: 84331030, ou com seu gabinete pelo telefone 3630.3842.

Cristina Esteche

Jornalista

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