22/08/2023
Mundo

Livro do criador de Lost e diretor de Star Wars desafia os leitores com experiência única

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Da redação com internet

Há pelo menos três maneiras de ler o romance 'S.', o ousado projeto editorial de J.J. Abrams, o badalado criador dos seriados Felicity e Lost e diretor de Star Wars: O Despertar da Força, juntamente com Doug Dorst. Após romper o lacre da caixa onde vem o livro, pode-se começar pela anotação no alto da segunda folha: "Caso encontre este livro, por favor devolva-o à sala P19, Biblioteca Central, Pollard State University". Ou então, pelo prefácio escrito pelo tradutor F.X. Caldeira para "O navio de Teseu", romance de um tal V. M. Straka. Ainda há a opção de ir direto para o texto de Straka.

'S.' não é exatamente um romance. Está mais próximo de um quebra cabeça literário. O livro tem capa dura, páginas envelhecidas, adesivo de biblioteca na lombada e até a ficha em que foi pego e depois devolvido. Afinal, "O navio de Teseu", de Straka, foi escrito na década de 1940. Foi o último trabalho do autor, cuja biografia é nebulosa e incluiria a participação em atentados, sabotagens e conspirações internacionais. A obra só foi publicada graças a Caldeira, que salvou os manuscritos e fez o texto final. Além do prefácio, o tradutor escreveu também uma série de notas de rodapé na edição. Nas margens do livro, o estudante de doutorado Eric e a aluna de graduação Jen desenvolvem um caloroso debate sobre o romance, Straka e Caldeira.

DESAFIO DE PRODUÇÃO

O cruzamento dessas três narrativas constitui a trama de 'S.', que marca a estreia literária de Abrams. O agora escritor teve a ideia ao encontrar um livro esquecido num banco de aeroporto. Ao folheá-lo, encontrou um pedido anotado à mão: "a quem encontrar esse livro, por favor leia, leve para algum lugar e deixe que outra pessoa o encontre". Daí veio a inspiração para a história de duas pessoas que se comunicam através das páginas de um livro em vários momentos.

Publicado nos Estados Unidos em novembro de 2013, a edição brasileira consumiu cerca de três anos de trabalho. A Editora Intrínseca comprou os direitos de publicação antes da obra estar pronta. O primeiro contato com o original em inglês deixou todos surpresos. Foi preciso contratar um designer especialista em caligrafia para fazer os diálogos de Eric e Jen. E ainda havia todo o material encartado dentro da obra: papéis avulsos, cartas, cartões postais e até um guaradanapo. A originalidade do projeto foi mantida.

Para Dorst, o projeto de 'S.' explora as características únicas que o livro físico oferece. "Esse projeto é uma maneira de lembrar e celebrar a experiência singular que o livro físico pode oferecer. Queríamos que fosse o objeto mais belo, interessante e tátil possível. A maneira como isso foi feita ficou muito bonita", diz o autor.

Por causa do alto custo de produção, a Editora Intrínseca imprimiu os 12 mil exemplares da primeira edição ma China, onde os papéis também foram encantardos manualmente. Cada um deve ficar numa página específica e, para os mais atrapalhados, há um vídeo na internet que ensina o lugar correto.

'S.' promete um experiência única, mesmo pra quem já leu de tudo.

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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