Da Redação com Alana Fonseca do G1
Ganhar um coração novo é o único jeito de salvar a bebê Isabella Fuentes Silva, de cinco meses. A menina de Curitiba sofre de miocardiopatia dilatada. Para aumentar a chance de viver da filha, e também de outras pessoas, a mãe, Paula Heidy, de 35 anos, faz uma campanha na internet que incentiva a doação de órgãos. "É ato de amor ao próximo", justifica.
A doença de Isabella, provocada por um vírus e que afeta o músculo do coração, foi descoberta quando a menina tinha dois meses. "Os sintomas foram aparecendo, mas nós, pais de primeira viagem, nem desconfiávamos de um problema cardíaco. Ela não ganhava peso e nem conseguia mamar no peito. Cansava fácil e era pálida", relata.
De acordo com a mãe, os pediatras não conseguiram identificar a doença a príncípio. Até que um dia, durante um banho de ofurô, que era para ser uma atividade relaxante, a bebê passou mal.
"Em vez de relaxar, ficou roxa, chorava sem parar e desmaiou", lembra. Paula conta que ficou desesperada e que ela e o marido fizeram até mesmo massagem cardíaca.
Foi aí que os pais internaram a criança. Isabella passou por vários exames até o diagnóstico da doença.
Os remédios do tratamento acabaram não fazendo efeito e, há três meses, a menina segue internada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, à espera de um coração novo.
Piora
Nos últimos dias de janeiro, o estado de saúde piorou e a bebê entrou em coma profundo. O coração, cada vez mais fraco, já não consegue bombear sangue para todo o corpo. O fígado e o pulmão, por exemplo, já falharam; foi necessário fazer diálise e entubar. "O estado dela é bastante grave", explica.
Por conta dos últimos acontecimentos, a farmacêutica bioquímica precisou deixar o emprego. Agora, ela passa o dia todo no hospital, ao lado da bebê. "Chego às 8h e vou embora só perto das 23h. Agora, por causa do coma profundo, eu até volto para casa para tentar dormir, mas é difícil. Fico só pensando nela e com medo de algo pior acontecer", diz.
Paula explica que têm sido difícil encontrar um doador com a faixa etária e peso (em torno de cinco quilos) semelhantes aos da bebê. "O doador também precisa ter tido morte encefálica. Em casos assim, os órgãos continuam funcionando normalmente.
Acredito que seja difícil aceitar a doação porque os pais olham o coraçãozinho batendo e ainda têm esperança", afirma.
Doações de órgãos no PR
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Estado, no ano passado, foram registradas 795 mortes encefálicas no Paraná.
A morte encefálica é a interrupção irreversível das atividades cerebrais. Ela é, geralmente, causada por traumatismo craniano, tumor ou derrame e dificilmente há dúvidas no diagnóstico. A avaliação sempre é realizada por dois médicos de áreas diferentes que examinam o paciente e realizam exames para comprovação, conforme a secretaria.
Ainda de acordo com dados do governo, das 795 mortes encefálicas, houve doação de órgãos em 300 casos. Nas outras situações, as famílias optaram por não doar. Entre a parada cardiorrespiratória ou alguma outra condição clínica o motivo mais frequente para que não seja feita a doação tem sido a recusa dos parentes.
Para a Central Estadual de Transplantes, muitas famílias recusam a doação de órgãos por não compreender ou não acreditar na morte encefálica.
"Por isso, acho importante fazer toda essa conscientização sobre a morte encefálica e a doação de órgãos: para aumentar a possibilidade de vida da Isa e de muitos outros doentes. A morte de uma pessoa pode salvar a vida de pelo menos 10. E é isso que as pessoas precisam entender", reforça.