22/08/2023
Geral Guarapuava

Invisibilidade também nos nomes de ruas em Guarapuava

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Da Redação, com informações e foto da Secom

Guarapuava –  A invisibilidade da mulher guarapuavana está presente desde a distribuição das sesmarias – terreno pertencente à Coroa Portuguesa onde não era observado o desenvolvimento de atividades econômicas ou a ocupação do espaço colonial -, nos nomes de ruas da cidade, e continua atualmente na linguagem cotidiana.

Essa observação é feita pela professora e doutora em história de Guarapuava, Kety Crala de March. Ela debateu o tema na tenda montada no Calcadão da XV de Novembro, Centro de Guarapuava, que sedia parte da programação do Mês da Mulher. “Esse apagamento em relação às mulheres indígenas, imigrantes e posteriormente às guarapuavanas, pode ser visto na divisão das sesmarias, que receberam apenas nomes masculinos. Isso também pode ser percebido no nome das ruas de nossa cidade, já que as principais ruas centrais têm nomes de homens”, observa a secretária municipal de Políticas Públicas para Mulheres e vice prefeita, Eva Schran.

“Grande parte das pessoas ainda utiliza das palavras ‘os homens ‘ou os pais para se referir também às mulheres. A historiadora lembra também da invisibilidade feminina na política. Apenas em 1932 as brasileiras conseguiram o direito ao voto, mas apenas a serem eleitoras e não candidatas, pois os homens, que sempre foram os líderes e políticos subestimavam as mulheres fazendo parte de cargos públicos”, continua Kety.

Após explanar que, historicamente, os jornais guarapuavanos davam notoriedade às mulheres de elite apenas nas colunas sociais e citavam as mulheres pobres somente nas páginas policiais, Kety defende maior participação das mulheres em todos os espaços e notoriedade nas instituições como forma de sair da invisibilidade.

A acadêmica de Serviço Social, Lindalva Sudek, 46, diz que o empoderamento feminino é mostrar para a sociedade que as mulheres têm a liberdade de fazer suas próprias escolhas e escrever sua história. “Quem sabe, muitas destas mulheres que passaram por esta tenda, nestes três dias, vão mudar de vida, vão pensar mais no seu bem viver, na sua vida em primeiro lugar, não serão mais submissas a ninguém, pois é isso que importa para uma verdadeira qualidade de vida, pensar em si para construir um futuro melhor?”.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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