22/08/2023

20 anos do meu querido CAD, ou melhor, IF

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Preparem-se que lá vem textão.

É assim que começam boa parte dos textos de Facebook que homenageiam amigos ou entes queridos em seus aniversários ou datas especiais e é assim que começo esse texto falando desse bom companheiro: o CAD, ou melhor, IF.

É estranho que meus últimos textos, como este sobre Kobe Bryant, sejam para homenagear pessoas ou clubes que me marcaram e não para discutir assuntos atuais sobre o esporte ou cultura. Contudo, acho importante referenciar e dar os devidos créditos a quem me possibilitou estar hoje aqui apto a falar sobre estes assuntos, e o CAD foi uma dessas “pessoas”.

Diferentemente da minha relação de idolatria com Kobe, sempre distante e até certo ponto inatingível, o CAD também me marcou, mas de forma muito mais próxima, a ponto de considerá-lo como um amigo próximo.

Lembro-me que a primeira vez que conheci o Deportivo foi em 2004, durante a disputa de uma edição dos Jogos Escolares em Castro, do qual eu participava. Em geral a rotina nessas competições é basicamente jogar, descansar no alojamento e acompanhar as partidas de outras equipes. O roteiro não fugia muito disso até que fomos convidados para acompanhar um jogo de Guarapuava contra o time da casa. Pensei se tratar de mais um simples jogo, daqueles que estávamos acostumados a acompanhar entre equipes colegiais, mas me espantei quando vi toda aquela atmosfera de rivalidade e competição que envolve o futsal profissional.

Pouco tempo depois, em 2005, descobri por intermédio de um daqueles convites de Amigo-De-Um-Parente-De-Um-Cara-Que-Conhece-Um-Jogador, que aquele time que havia visto um ano antes estaria jogando na cidade. Logo eu estava no extinto Ginásio do Trianon sentado em arquibancadas improvisadas de compensado apoiando o IF.

IF?!

Isso mesmo. Era assim que o CAD era conhecido naquela época, quando ainda se chamava Instituto Futsal e a torcida gritava a sigla IF durante toda a partida. Foi assim que eu conheci esse time e passei a admirá-lo e é assim que o chamo desde então. Se todos os grandes times possuem apelidos como Timão, Furacão, Verdão, entre outros, por que o CAD não pode atender pela alcunha de IF, não é mesmo?

Pois bem, passei a acompanhar o IF nesta temporada de 2005 que culminou na subida à Chave Ouro do Paranaense. No ano seguinte recordo-me que voltamos a jogar no Joaquim Prestes, a verdadeira casa do CAD e local de jogos marcantes.

O primeiro jogo do novo Joaquinzão é um exemplo disso, uma vitória maiúscula por 3 a 0 contra o Campo Mourão que deu a classificação para a segunda fase do campeonato, justamente no ano de estreia do CAD na competição. Na segunda fase em novo jogo memorável, o CAD acaba sendo derrotado e eliminado pelo Pato Branco, que veio a ser o campeão daquela temporada.

Nessa época assistia a praticamente todos os jogos do CAD, desde os amistosos sem lá muita importância, como o jogo contra Palmital em que pouquíssimas pessoas acompanharam as estreias de jogadores que posteriormente viriam fazer história na equipe como Limone, Davi e Rômulo, passando por outros amistosos de casa cheia como o contra o Jaraguá de Falcão e o Corinthians, até chegar aos confrontos decisivos, inclusive fora de casa, como quando acompanhei o empate entre Guarapuava e Santa Paula em Ponta Grossa, em um jogo que nos rendeu a classificação para a fase final do campeonato.

Nenhuma destas temporadas, no entanto, se comparou com a de 2010, um ano que definitivamente mudou a história do clube. Sempre digo que nem roteiristas de Hollywood conseguiriam fazer um roteiro tão extraordinário quanto foi àquela temporada. A começar pela tragédia com a morte do jogador Robson, certamente o momento mais difícil da história do clube. Contudo, a equipe que tinha todos os motivos para se abalar e não conseguir resultados positivos foi espetacular e conseguiu chegar as finais.

Aquela decisão diante do Cascavel certamente merece um capitulo a parte. Na primeira partida a equipe do oeste chegou a abrir 4 a 1 no placar, mas tomou sufoco do CAD na parte final e por pouco não cedeu o empate. Quando a partida já estava 4 a 3, dois erros do então goleiro-linha Neto fizeram o Cascavel novamente ter a liderança tranquila do placar e fechar o jogo em 6 a 3.

Na segunda partida parecia que o enredo iria se repetir, Cascavel novamente abriu 4 a 1 e viu o CAD encostar no placar, contudo, dessa vez o time guarapuavano não bobeou e conseguiu uma das viradas mais extraordinárias do futsal paranaense, vencendo o jogo por 5 a 4 em uma noite fantástica de Oliveira, autor de quatro gols.

No terceiro jogo a equipe de Guarapuava entrou em quadra com moral elevada, mas mesmo assim permitiu o Cascavel novamente abrir o placar. Com gols de Carrapicho e Fernandinho a equipe conseguiu a virada e garantiu o primeiro título estadual.

Já colocada entre as grandes equipes do Paraná, o IF passou a ser cogitado para disputar torneios nacionais, como a Liga Nacional de Futsal, porém, isso só foi ocorrer mesmo a partir de 2013.

Recordo-me que nesta época já acompanhava a equipe como jornalista e conseguir dar o “furo” do anúncio da participação do Guarapuava na LNF foi uma verdadeira saga, mas ao mesmo tempo uma parte muito importante e prazerosa da minha carreira.

De lá para cá meu amigo ainda conquistou outros dois títulos estaduais, em 2014 e 2015, o primeiro novamente sobre Cascavel, e com direito a uma goleada por 7 a 2, e mais recentemente diante do Umuarama.

Por vários motivos confesso que andamos meio afastados ultimamente, talvez nosso último grande momento juntos foi em 2014 diante do Orlândia, um empate por 6 a 6 sensacional pelas quartas da Liga Nacional, mas tenho certeza que em breve estaremos juntos novamente, dessa vez em busca do título nacional.

Obrigado CAD por esta parceria de longa data, parabéns e que venham mais 20 anos de glórias.

IF! IF!IF! IF!

Cristina Esteche

Jornalista

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