Desmonte deixa escolas sem 400 estagiários

Da Redação

Guarapuava – Escolas dos ensinos fundamental e médio de Guarapuava poderão ficar sem estagiários do Programa de Iniciação à Docência (PIBID). O Governo Federal publicou a portaria 046/2016, que promove um desmonte no programa iniciado em 2010, ao desfocar o objetivo da proposta inicial que era a de valorizar a docência nas universidades de todo país e, sobretudo incentivar os estudantes das licenciaturas para atuação do ensino básico. Somente em Guarapuava, o programa envolve uma média de 400 acadêmicos das áreas de licenciatura da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).

Para protestar contra o desmanche do programa, a Universidade adere à Mobilização Nacional nesta terça feira (31), às 19h30, com manifestação no campus Santa Cruz.

De acordo com a professora Marquiana Vilas Boas Gomes, orientadora do Pibid, o programa tem demonstrado a sua importância na formação dos estudantes das licenciaturas na medida em que vem reduzindo o fosso existente entre a formação teórica e prática na área de educação. “Já no início da graduação, os alunos entram em contato com a sala de aula, colaborando com a sua qualificação, no sentido de aprimorar o desenvolvimento da pesquisa nas suas respectivas áreas de atuação”. Outro benefício é a aproximação entre a Universidade e a escola.

O programa oferecia bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos presenciais que se dedicassem ao estágio nas escolas públicas e que, quando graduados, se comprometessem com o exercício do magistério na rede pública.

Para os coordenadores de áreas do conhecimento eram previstas bolsas mensais de R$ 1,2 mil. Os alunos dos cursos de licenciatura tinham direito a bolsa de R$ 350 e os supervisores, que são os professores das disciplinas nas escolas onde os estudantes universitários estagiavam, recebiam bolsa de R$ 600 por mês.

Com a portaria do governo, o Pibid deixa de ser um projeto de iniciação à docência para se tornar atividade de reforço escolar no contraturno. “Essa mudança descaracteriza o Pibid”. Segundo a professora Marquiana, o novo formato também reduz em 50% os recursos até então disponibilizados. Além disso, o documento do Ministério da Educação (MEC) estabelece o encerramento dos projetos em vigência, que são organizados por licenciatura e estavam previstos para ter continuidade até 2018. Outra alteração diz respeito ao corte de algumas licenciaturas. Educação Física, Artes e Línguas Estrangeiras, por exemplo, ficaram de fora. O número de integrantes por equipe também foi reduzido. E, além disso, as escolas de atuação, antes definidas pelas universidades, agora passarão a ser estabelecidas pelo MEC.

Essa mudança de rumo inviabiliza a participação da Unicentro pelos novos critérios estabelecidos pela Portaria. “Até a escolha das escolas que era feita pela Universidade, pela Secretaria Municipal de Educação e pelo Núcleo Regional de Ensino agora passará para o MEC”.

Essas mudanças, publicadas pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes), provocaram manifestações e notas de repúdio em todo o país. O denominador comum é o pedido da revogação da Portaria.