22/08/2023
Região

O Rastro Da Serpente!

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A convite de um grande amigo meu, o qual possuí muitos quilômetros rodados e experiência inclusive neste passeio, resolvemos fazer o roteiro Guarapuava à Serra do Rastro da Serpente, no Vale da Ribeira. Rastro da Serpente é o apelido das rodovias SP-250 e BR-476 que unem os Estados de São Paulo e Paraná, ou o inverso, no nosso caso. É uma rota obrigatória para o motociclista, além das exuberantes paisagens naturais, este terá a chance de mostrar sua perícia e habilidade (ou não) em serpentear os 260 km (que ao final parecem 700) e mais de 1200 curvas do Rastro da Serpente.

Era uma manhã de sábado, as 06h30min horas não me recordo ao certo quanto os termômetros marcavam em nossa boa e gélida Guarapuava, acredito que beirava uns 0º graus. Logo me dirigi ao ponto de encontro  com o queixo congelando, confesso que pensei: “ quem é o louco que marca uma aventura de moto em uma manhã tão fria”.

Fui o primeiro a chegar, logo chegaram Reinaldo e Eduardo, João e Pedro. Fiquei contente em rever velhos amigos e conhecer os novos companheiros de estrada, esquecendo logo o frio que fazia naquela manhã típica de Guarapuava.

Saímos então, rumo a Curitiba, contando com a experiência de nosso amigo Reinaldo como nosso Capitão de Estrada, que comandou inicialmente a viagem até a loja da Harley em nossa capital, a The One, onde marcamos de encontrar o companheiro Juba.

Ainda em Curitiba, aproveitamos e fizemos uma parada em um posto no Cabral porque ninguém é de ferro, onde comemos algumas besteiras calóricas que deu para enganar a fome ao menos por ora.

Lá reabastecemos as motos e diminuímos consideravelmente nossas roupas. Nossa empolgação e expectativa foi aumentando na medida em que nos aproximávamos da estrada da Ribeira, sentido Colombo, início do começo da rota final.

Passamos por diversas pequenas cidades, com curvas para todos os gostos e lombadas de todos os tamanhos, nosso destino era Apiaí/SP onde se cumpre a primeira parte da aventura e onde adquirimos nossos certificados de conclusão da rota (a primeira parte). Nem todos seguem de Apiaí até Capão Bonito, onde efetivamente você conclui a rota rastro da serpente, diante da exaustão em decorrência das inúmeras curvas do circuito, alguns dizem inclusive, que esta rota separa  “ os homens dos meninos”, confesso que logo entendi o porque.

De posse de nossos certificados, fizemos uma parada em uma simpática panificadora ainda em Apiaí, onde comemos um bom misto quente, enquanto riamos e fazíamos piadas dos companheiros e da desgraça alheia. (off…)

Após Apiaí, seguimos para a segunda parte desta rota, rumo à cidade de Capão Bonito, onde autenticaríamos  nossos certificados e enfim concluiríamos nossa aventura, mas a esta altura já estávamos com nossas costas nervos em frangalhos em decorrência dos solavancos e do asfalto em péssimas condições. Confesso que perdi a noção do tempo, o frio começou a se mostrar e a gasolina a acabar, o que nos obrigou a nos agasalharmos novamente e parar em um posto em uma cidade da qual nem me lembro direito, exceto por uma fabrica de cimento.

Bom, cabe observar que se depender de nosso Capitão de Estrada fazia 500 km sem parada alguma, até porque a HD que ele pilota, a sua Jurássica Electra Glide, como gosta de chamá-la, possui um tanque generoso, todavia a cada 160 km em média, tínhamos que abastecer porque a moto de nosso companheiro Juba é uma HD 883, com seu tanque consideravelmente menor.

De volta à estrada, foram barreiras, subidas, descidas, curvas e mais curvas de maneira interminável, isso sem falar nos deslizamentos de terras e nos resíduos do asfalto em recuperação em muitos pontos, o que se deu conforme os nativos, pela forte período chuvoso na região. Por outro lado, a vista a todo instante nos surpreendia e fascinava, com penhascos, abismos, colinas, tudo colorido pelo verde da mata e o acinzentado das pedras.

A viagem seguiu-se assim, com pequenas paradas pra tirar a água do joelho e vez ou outra juntar placa ou outro pedaço de moto que começava a cair diante das péssimas condições do asfalto naquele trecho, alem de um ou outro susto que se levava ao querer dar uma “adiantadinha” na viagem, e ver o barranco ou penhasco crescer a nossa frente, com momentos inclusive de testar os freios e a habilidade em não cair, deste piloto que vos escreve (tsc).

Já havia anoitecido cerca de uma hora atrás quando chegamos a cidade de Capão Bonito, totalmente destruídos e com as costas mais mole que a barriga (tsc), nosso amigo Juba inclusive sem luz alguma em sua moto e então finalmente, concluímos nossa aventura, nos dirigimos ate o Porthal Rastro da Serpente, um belíssimo bar temático que serve de apoio ao motociclista que se aventura nesta rota e que fornece informações e condições da Rodovia SP-250 e BR-476, disponibilizando boutique de acessórios,  coffee bar, além de auxiliar em reservas de hotéis da cidade.

Após conhecer o belo local e seus auspiciosos anfitriões, validamos nossos certificados (único local a se fazer isso) e tomamos boas e merecidas cervejas e só então nos dirigimos ao hotel mais próximo (e barato) e jantando em uma churrascaria anexada a um posto de gasolina, fechamos o dia e a noite, porque depois dessa viagem, jogar-se em um colchão qualquer era tudo o que nos animava.

Ao clarear das 09h00min da matina do outro dia, já tomado um delicioso café, eis que novamente a estrada nos aguarda só que para a felicidade de todos os corpos presentes (tsc) nosso Capitão de Estrada nos presenteou com a noticia de que voltaríamos por outra rota, com bem menos curvas, subidas e descidas, mas enfim faço uma Confissão da Estrada, a viagem é cansativa, mas valeu em muito a pena!  

Cristina Esteche

Jornalista

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