22/08/2023
Guarapuava

O preço do desencanto político/eleitoral

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Os candidatos da eleição que se avizinha, em outubro próximo, pagarão um preço alto pela maneira como os que estão atualmente no poder conduziram os municípios, os Estados e o País. Por conta de, com exceções, produções estéreis nos poderes legislativo e executivo, acrescentados os escândalos que pululam diariamente na imprensa, mais os salários estratosféricos que aviltam qualquer trabalhador comum, os atuais pretendentes aos cargos legislativo e executivo começam a sentir o descaso e a desconfiança do eleitor em relação ao evento sufragista de 2016. Nenhum argumento parece ter peso suficiente para demover o descrédito originário de ações ilícitas que mancharam as reputações de tantos politicos da atualidade e/ou da ausência de cumprimento legal das funções no que tange aos trabalhos derivados das mesmas. Assim sendo, será uma tarefa hercúlea resgatar a confiança de quem detém o poder de exercer constitucionalmente o direito ao voto.

O valor a ser debitado na conta dos candidatos é alto. A política tal qual o conceito aristoteliano “…como a ciência que tem por objetivo a felicidade humana e divide-se em ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem na Cidade-Estado, ou pólis), e na política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva)…” parece se afastar e ficar tão distante da realidade nossa como o último planeta do Sistema Solar.
Decorrente disso, assistiremos um desprezo recorrente por parte do eleitor. Sem a tão pretendida e reparadora reforma política, o povo continuará assistindo a mesmice, o mesmo modus operandi de que lançarão mão os pretendentes para chegar ao poder e lá se instalarem confortavel e remuneradamente bem contemplados até o próximo pleito. A cada legislatura municipal, e que recebe pesadas críticas ao fim dela, costumo responder: Se você está achando sofrível a atual, espere até a próxima.

Resta, por fim, deixar registrado mais do conceito de Aristóteles sobre politica/homem/comunidade:
"Vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda comunidade se forma com vistas a algum bem, pois todas as ações de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhes parece um bem; se todas as comunidades visam algum bem, é evidente que a mais importante de todas elas e que inclui todas as outras, tem mais que todas, este objetivo e visa ao mais importante de todos os bens; ela se chama cidade e é a comunidade política" (
Enfim, a Política é tudo o que se relaciona à busca de ações para o bem estar tanto individual como coletivo…e quem garante que os que pleiteiam a representatividade do eleitor vai agir nesse sentido?
Além da acertada medida de impedimento de financiamento de campanha por parte de empresas, resta o alto valor que cada candidato pagará por conta de condutas ineficientes e ilícitas por conta de quem recebeu uma procuracão pra bem representar o outorgante eleitor e não o fez, respingando nos atuais pretendentes o desencanto da política.
Ou se faz a tão pretendida reforma política e eleitoral para clarear/moralizar as regras, ou a cada eleição a indiferença ganhará corpo até não caber nas urnas. 

(*) Mauro Biazi é jornalista e promotor cultural em Guarapuava

Cristina Esteche

Jornalista

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