22/08/2023
Brasil

Desempregado, Emerson está distribuindo seu currículo no sinaleiro em Guarapuava

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Jonas Laskouski

Guarapuava – De acordo com dados divulgados na última terça feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de desempregados no Brasil chega a 12 milhões de pessoas. É muita gente. E nesse mar de pessoas afetadas pela crise, o jeito é buscar alternativas para fazer a diferença e tentar conseguir uma colocação no mercado de trabalho, mesmo que não seja na área desejada.

Em Guarapuava, a procura por um emprego fez com que Emerson Fernando Cichella, 33 anos de idade, bacharel em Direito, formado pela Faculdade Campo Real em 2008 tomasse uma atitude de coragem. Nesta quinta feira (1º), o rapaz surpreendeu motoristas que esperavam o sinal abrir no cruzamento da Avenida Moacir Júlio Silvestre com a Capitão Rocha, em pleno meio dia. O fato, claro, ganhou repercussão e a informação, já com a foto do currículo de Emerson, chegou até a Redação da RedeSul de Notícias. Liguei pra ele e marquei de conversarmos, e ele disse que no final da tarde estaria lá novamente. 

Dito e feito. Cheguei na movimentada esquina e lá estava Emerson distribuindo seus currículos por entre os carros. Desesperado atrás de emprego, o bem apessoado Emerson disse que escolheu aquele lugar pelo grande tráfego e por acreditar que funcionários de várias empresas passam por ali, principalmente no horário de almoço." Quando a gente leva o currículo nas empresas, geralmente fica na recepção e pode acabar se perdendo, dentre tantos. Aqui não tem porteiro e o currículo pode chegar na mão certa".

Emerson é pai de um menino de três anos, que mora com a mãe em Irati. Ele precisa pagar a pensão, correndo o risco de ser preso. "Preciso manter a qualidade de vida do meu filho". Além disso, precisa pagar o aluguel e se alimentar. "Tenho comido só cachorro-quente, já que não tem sobrado muito da ajuda que tenho recebido dos meus pais". Desiludido com a área jurídica, Emerson, quando estava morando em Irati, começou a se especializar na colocação de papel de parede. "Até deu certo por algum tempo, mas os trabalhos começaram a diminuir. Além disso, eu preciso comprar uma cola pra poder trabalhar e custa cerca de R$ 100,00. Algumas empresas que eu prestei serviço até me chamam pra fazer a colocação, mas eles não fornecem o material. Quem tem que comprar a cola sou eu e eu não estou tendo condições. Resultado: não consigo trabalhar".

O rapaz fala bem. E a humildade, a coragem e a maneira de se expressar chamam a atenção em Emerson. "Não sou de me intimidar. Se dá pra fazer, vamos lá e fazemos. Estou aceitando qualquer proposta, desde que seja um trabalho específico, algo objetivo. Não conheço ninguém aqui, então a indicação, que geralmente ajuda – e muito, – pra mim não existe."

A atitude foi aprovada por quem passava por ali. "Tá mais que certo, ele tá sendo humilde e encarando a crise com coragem", diz Thiago Bernardim de dentro do carro. Somente ontem (1º), Emerson distribuiu mais de cem curículos no sinaleiro. E vai continuar a 'empreitada' até conseguir o tão sonhado emprego. A gente torce pra que seja logo, hein, e dá uma força divulgando o currículo:

 

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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