22/08/2023
Guarapuava

Eleições municipais à flor da pele: a incógnita está no ar

As eleições estão aí. Foram 45 dias de uma movimentação diferente de outras eleições. O formato do horário eleitoral em 10 minutos de programas fixos e de muitas inserções durante o dia fez com que o eleitor conhecesse, mesmo que rapidamente, o que há de novidade nos discursos dos candidatos. Em geral, o que se viu foi uma prestação de contas do atual Prefeito Municipal reforçando a tese de que fez, mas fará muito mais em uma publicidade vistosa; uma crítica do candidato Dr. Antenor quanto ao distanciamento da atual gestão municipal da sociedade e uma defesa de que é preciso fazer junto com a comunidade; uma controvertida candidatura de terceira via do candidato Luciano Gago que mesclava críticas contundentes ao candidato petista e outras críticas estratégicas ao candidato situacionista; e uma apresentação diferente do candidato da Rede Sustentabilidade, João Nieckars, uma novíssima liderança que sem tempo de TV e com pouquíssimo recurso econômico, esforçou-se em apresentar propostas sustentáveis com um discurso de transparência.

O que mais chamou a atenção foi a ausência da publicidade de pesquisas de intenção de votos [ até o momento em que escrevo ], deixando as especulações ganharem corpo em torno de um grande número de indecisos e de uma possível rejeição acentuada deste ou daquele candidato.

Não se viu, diferente de outras eleições, o uso indiscriminado de recursos econômicos. O eleitor assistiu uma campanha, aparentemente econômica, mais silenciosa e com grande destaque nas redes sociais. 

Longe de informações confiáveis, o eleitor vulnerável pode confirmar a lógica da vitória de uma campanha mais robusta do atual Prefeito que, além de ter o apoio aberto do grupo político do Deputado Artagão Júnior, conta ainda com o apoio parcial do grupo político do também Deputado Bernardo Carli ou surpreender e silenciosamente avalizar a candidatura do médico do Dr. Antenor. Aos olhos da aparência e do número expressivo de candidatos destacáveis de coligações que apoiam César Filho, o raciocínio de reeleição é quase uma sentença. Todavia, pelo silêncio das pesquisas, pelo silêncio das pessoas, por rejeições não publicizadas e pelo ceticismo de muitos homens e mulheres diante do quadro político instituído, sabe-se que tudo é possível, inclusive a possibilidade de uma vitória histórica da oposição.

Os outros dois candidatos, livres para falar, podem ter votações que lhes credenciem a projetos futuros. Conta contra os mesmos sua pouca ou nenhuma aderência aos eleitores de bairros populares e a pouca representatividade de seus candidatos a Vereadores. Para quem disputa a primeira eleição – isso o passado já ensinou, mas parece não ter sido aprendido – as campanhas ainda contam, raras exceções a parte, com a ingenuidade ou até a ignorância de grande parte do eleitorado. O que é uma pena, pois a democracia perde.

O que se sabe é que o eleitor a muito tempo abandonou sua preferência por guerras políticas e, cansado de instabilidades, quer alguém que faça com que o fardo seja menos pesado e que, apesar das adversidades, possa tocar a máquina pública. Candidaturas que optaram pela propositividade e pela abertura, sem passionalidade, tendem a colher os melhores frutos. Os debates não responderam às expectativas dos eleitores e a opção da
RPC/Globo em não flexibilizar seus critérios absolutos impedindo a participação do candidato da Rede Sustentabilidade, tendem a interferir positivamente ou negativamente. Assim, a incógnita está no ar. 

Cristina Esteche

Jornalista

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