22/08/2023
Segurança

Reportagem: Sócio de suspeito diz que não sabia do golpe

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Guarapuava – A empresa F.J. Computadores, de propriedade de Julio Cesar Ternopolski e Fábio Pasini Ávila, está sendo afetada pela repercussão do golpe aplicado na Unicred do Iguaçu e que pode ultrapassar a casa dos R$ 2 milhões. A explicação para a queda na credibilidade da empresa tem um motivo evidente. Julio é sócio da empresa especializada em prestação de serviços e venda na área de informática. Por ser funcionário da cooperativa de crédito e pela confiança que, principalmente, a classe médica depositava em Júlio, um dos dois suspeitos pelo “rombo” financeiro na cooperativa de crédito, Julio atraía a clientela para a empresa da qual é um dos proprietários.

O sócio Fabio Pasini Ávila, porém, diz que foi surpreendido pela notícia policial envolvendo Julio e garante que desconhecia o possível desvio de dinheiro praticado pelo sócio. “Eu nunca imaginei isso e quero esclarecer que a empresa não tem nenhum envolvimento com o possível rombo. Eu desconhecia isso”, afirma. Fábio, entretanto, diz que percebia que o sócio tinha um padrão de vida “razoável”, chegando a questioná-lo sobre isso. “Mas nunca tive uma resposta coerente, ele sempre desconversava e como ele tinha outra renda e sua esposa também, achei que poderia ser isso”, diz.

Carros, televisores LCD 42 polegadas, gastos de até R$ 600 por mês com pet-shop, viagens, entre tantos outros, marcam a vida de Julio que teria uma renda familiar mensal de no máximo R$ 7,5 mil, de acordo com Fábio. “Quero ressaltar mais uma vez que a empresa não tem nada a ver com o que aconteceu e estou sendo prejudicado. Há médicos que passam pela empresa de cabeça baixa e nem me recebem. Estou procurando cada cliente para explicar que não tinha nenhum conhecimento do que acontecia na Unicred”, insiste.

A F.J. Computadores está localizada na sala 16 do Edifício Maria Antonia, em frente ao Posto de Atendimento ao Cliente (PAC) da Unicred. Fabio disse que ficou sabendo do possível envolvimento do sócio no “Caso Unicred” no dia 23 de dezembro de 2009. “Eu percebi a movimentação de auditores na Unicred e o Julio comentou sobre a auditoria. Disse que os suspeitos estavam sendo afastados e que ele era um deles”, afirmou.

Diante dos fatos, Fábio disse que se preocupou em ver a estrutura financeira da empresa e se esta não teria sido utilizada em eventuais transações ilícitas. “Procurei os bancos onde temos contas e não achei nada irregular nos contratos”. O que Fábio não sabia é que a empresa possui um saldo devedor de R$ 31 mil, segundo extratos de empréstimos contraídos desde a abertura da empresa no dia 1 de novembro de 2006. “Quem administra a empresa é o Julio. A mim sempre coube a assistência técnica e poucos dias antes do final do ano (2209) ele contraiu um empréstimo sem que eu soubesse”, diz.

Se o saldo devedor preocupa Fábio, não reside aí a sua maior inquietude. “A grande preocupação que tenho é com a credibilidade dos clientes. São pessoas que confiaram em nós, que abriram as portas de suas casas, de seus consultórios e que sabem da competência técnica que sempre oferecemos. Hoje a credibilidade da empresa está arranhada”, admite.

Fábio disse que já propôs a dissolução da sociedade e que pretende continuar atendendo os clientes com quem sempre teve um bom relacionamento.

Suspeita contrata advogada de Curitiba

A polícia continua investigando o golpe aplicado na Unicred do Iguaçu.
Um dos suspeitos, Julio Ternopolski tem como advogado de defesa o criminalista Miguel Nicolau Junior. Já a outra suspeita, Patrícia Elias, de acordo com o escritório jurídico do advogado Paulo Pacenko, constituiu um advogado de Curitiba para a sua defesa e tem o escritório citado para prestar assistência em Guarapuava. O advogado local que acompanha o caso é Lucas Ostematk Malucelli O advogado foi contatado, mas não retornou a ligação.

Durante a semana o delegado que preside o inquérito, Cristiano Augusto Quintas dos Santos nomeou dois peritos em informática para a perícia nos computadores da cooperativa de crédito. A polícia quer saber como o dinheiro retirado das contas dos médicos e de outros correntistas era manipulado. As investigações durante 30 dias serão feitas pela escrivã Mônica Germano já que o delegado foi designado para atuar na Operação Praia que está acontecendo no litoral paranaense.

Texto publicado no jornal Tribuna Regional de 23 de janeiro de 2010

Foto: arquivo

Cristina Esteche

Jornalista

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