22/08/2023


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Mulher-Maravilha: 75 anos de uma poderosa heroína

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Por Érico Assis, do Omelete e com informações do site da Veja

Mulher-Maravilha é uma personagem complicada. Foi inventada em 1941 para ser um símbolo: a representação da mulher forte não só nos músculos, mas na inteligência, na compreensão e no carinho que seu criador, William Moulton Marston, via nas mulheres. Antes de usar as armas, ela usaria a cabeça. No meio da Segunda Guerra entre homens, Marston queria mostrar as líderes do futuro.

A ideia do criador foi remexida, esquecida, traída e retrabalhada ao longo destes 75 anos. E não só nos quadrinhos, onde a personagem surgiu, mas também na TV, nos desenhos animados, no cinema e nos games. A heroína chega aos 75 anos de HQ debaixo de constantes reinterpretações, mas funciona sobretudo como um símbolo poderoso de tudo que é feminino.

Em 1986, a DC resetou a cronologia de vários heróis. A Mulher-Maravilha foi reinventada do zero por Greg Porter, Len Wein e George Pérez – sendo que Pérez acabou tomando conta como roteirista e desenhista da série. A fase Pérez, com um visual deslumbrante e calcada na mitologia grega, é considerada o ápice na história da personagem e é republicada com frequência.

DEMITIDA

No entanto, menos de dois meses após ser nomeada embaixadora da Organização das Nações Unidas pelos direitos das mulheres, a personagem foi cortada de seu cargo. O anúncio sobre a suspensão do uso da super-heroína nas propagandas da ONU foi feito nesta terça (13), após sua indicação ter sido recebida negativamente por ativistas.

A Mulher-Maravilha foi nomeada embaixadora pela organização internacional no final de outubro. De acordo com a ONU, a personagem foi escolhida por ser “símbolo da paz, justiça e igualdade” e seria usada na campanha anual de promoção aos direitos de meninas e mulheres pelo mundo.

Entretanto, a indicação foi recebida negativamente por ativistas, que dizem ser preocupante o fato de a organização ter escolhido uma personagem “explicitamente sexualizada” para representar uma campanha pela prevenção da violência de gênero. Uma petição online contrária à escolha da ONU foi assinada por quase 45.000 pessoas e pode ter motivado a suspensão do uso da super-heroína nas propagandas da organização.

“Embora os criadores originais quisessem que a Mulher-Maravilha representasse uma mulher guerreira, forte e independente, com uma mensagem feminista, a realidade é que a representação atual da personagem é a de uma mulher branca de proporções inatingíveis”, dizia a petição.

A ONU não explicou os motivos que levaram à desistência da escolha da super-heroína. No passado, participaram temporariamente de campanhas da instituição personagens fictícios como o Ursinho Pooh, a Sininho do Peter Pan e os pássaros do jogo Angry Birds.

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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