22/08/2023
Brasil Saúde

Mais de 400 macacos já foram encontrados mortos com suspeita de febre amarela

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Da Redação, com informações do Parque Tecnológico de Itaipu

O ano de 2017 não começou com notícias agradáveis para a saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde, o País passa pelo pior surto de febre amarela de sua história. Em pouco mais de um mês, o recorde de contaminação da doença já foi atingido. 

Os estados mais afetados são Minas Gerais e Espirito Santo, porém aos poucos as ocorrências vêm se espalhando por outras regiões. Até agora, foram confirmados mais de 250 casos da doença, mais de 1.200 suspeitas, e mais de 80 óbitos. Entretanto, esses números estão aumentando a cada dia. 

Mas esse surto, não se restringe aos humanos. Macacos também estão sofrendo com a epidemia da doença. Somente na região da Mata Atlântica do Espirito Santo já foram encontrados mais de 400 primatas mortos com suspeita de febre amarela. Minas Gerais e São Paulo também registraram casos suspeitos ou confirmados da doença em macacos. 

Para Maria Isabel Gomes, Coordenadora de Fauna do IBAMA, esses casos estão acontecendo devido ao ciclo de doenças em ambientes silvestres. 

“Em geral, essas viroses têm ciclos, então elas acontecem eventualmente mesmo. Isso é uma coisa muito difícil de controlar, principalmente em ambientes silvestres. Então em geral, é uma causa que tem que estudada com mais vigor, tem que ser mais detalhado, eu acho que dificilmente a gente vai descobrir a causa num curto prazo, mas eu acho que isso é uma coisa comum, que acontece de tempos em tempos mesmo.”

A coordenadora diz ainda, que embora a situação seja grave, por ora não foram identificadas mudanças bruscas no ecossistema. 

“Como a espécie não é ameaçada, então o prejuízo ambiental não é assim tão grave. Ainda mais porque a espécie que foi infectada, é uma espécie bem adaptada, que reproduz bem, então assim, o prejuízo ambiental não é tão grande. Claro que assim, em termos de espécie, isso não vai afetar a sobrevivência dela – claro que para as espécimes que morreram, é um prejuízo. Pode ser até um prejuízo em termos de desequilíbrio local, de alimentos e outros competidores. A parte ecológica local, pode ser afetada por um período curtíssimo de tempo, mas depois a coisa se estabiliza.” 

Outro ponto que pode ser uma das causas do surto de febre amarela é a degradação ambiental. A região com mais casos da doença em humanos é a Sudeste, e por coincidência, é a área original da Mata Atlântica – ou o que sobrou dela, pois restam apenas 12% da floresta. 

Para os especialistas, a morte dos macacos com a destruição da mata, se relaciona da seguinte forma: o ecossistema da Mata Atlântica não possui tanta diversidade quanto os demais, sendo assim não há muitos predadores para o mosquito transmissor da doença – que acaba picando os primatas da região. A preservação da floresta poderia impedir que a doença se espalhasse com tanta facilidade. Entretanto, esse não é o quadro atual.

E como se já não bastasse essa destruição causada pelo homem, moradores das regiões atingidas pela doença estão agredindo ou até mesmo matando os macacos temendo a contaminação. Entretanto, Maria Isabel afirma que os primatas não são os responsáveis pela epidemia 

“Infelizmente é uma questão cultural que foi espalhada por alguém com não muita responsabilidade e acabou afetando os indivíduos. Quem transmite é o mosquito. Então o que tem de ser feito e todas as ações que devem ser tomadas em relação ao controle da doença é em relação ao mosquito, e não ao macaco ou até as pessoas que podem portar essa doença também. Da mesma forma que uma pessoa pode estar doente com a febre amarela, um macaco está doente com a febre amarela por conta do mosquito.”

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já se manifestou sobre a situação demonstrando preocupação na possibilidade da doença se espalhar para o resto do Brasil ou até para outros países da América do Sul. Entretanto, a coordenadora afirmou que está confiante que a situação grave não deva se estender por muito tempo.

Cristina Esteche

Jornalista

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