Tema deste ano diz: “não se pode servir a Deus e ao dinheiro”
A Campanha da Fraternidade deste ano começa na próxima quarta-feira (17) com críticas à atual política econômica e um pedido de atenção às questões sociais. “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”, prega o lema da campanha.
“Queremos mostrar que a economia não deve visar o lucro desmedido, mas sim a dignidade humana”, explica o reverendo Luiz Alberto Barbosa, da Igreja Anglicana, secretário-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).
O conselho organiza a campanha deste ano por ter a participação de cinco igrejas: católica, anglicana, luterana, presbiteriana e ortodoxa. Quando a campanha é feita somente na Igreja Católica, quem coordena é a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
De acordo com o reverendo Luiz Alberto Barbosa, o atual modelo econômico “favorece o mercado”. “Não é que o modelo como está não está bom. Se olhar apenas nos números, do ponto de vista econômico, financeiro, de controle da inflação, está bom. Mas é que os resultados práticos não se refletem na base. Temos ainda um dos piores índices de distribuição de renda.”
Barbosa diz ainda que o objetivo é conscientizar os cristãos de que devem acompanhar e monitorar os resultados de ações governamentais. “Temos que convir que toda propaganda política ou de governo destaca apenas o que querem salientar e os aspectos negativos ou o que piorou, os governos não divulgam.”
Questionado sobre se a campanha era uma crítica ao atual governo, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o reverendo respondeu: “Em nenhum momento citamos o nome de Lula, mas quando criticamos o modelo atual, acabamos criticando o governo atual”. Ele afirmou que o texto-base da campanha, com mais de 80 páginas, questiona alguns dados divulgados pelo atual governo.
A Campanha da Fraternidade de 2009 arrecadou R$ 12 milhões entre os fiéis, segundo o reverendo Barbosa, e a estimativa é de que a arrecadação aumente neste ano.
Segundo o religioso, 40% dos recursos serão repassados ao Fundo Ecumênico de Solidariedade – os demais 60% ficarão nas comunidades. A verba será usada para apoiar projetos alternativos ao atual modelo econômico, que podem ser contemplados com R$ 20 mil, R$ 35 mil ou R$ 50 mil.
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