O ser humano descambou para o ridículo. Aliás, até não sei se essa seria a definição correta. A agressão movida pelo ódio que escorre pelas pontas dos dedos tomou conta de tudo e entulha, principalmente as redes sociais, de veneno. Já não se preza mais coerência, por impessoalidade – aquela exigida com “rigor” em certas profissões. Na Câmara Federal, para citar um poder constituído, as palavras descem ao mais baixo nível do português. Expressões como “vagabundo”, “ladrão”, “filho da puta”, e outras já é comum no tratamento entre os parlamentos. Decoro parlamentar? Pra que? Isso é coisa do passado.
Nas redes sociais o que se vê é um país dividido. Claro, entre o bem e o mal. Mas o que é o bem e o que é o mal? Os principais protagonistas dessa guerra são o ex-presidente Lula e o juiz Sérgio Moro. Para os manifestantes que apoiam Lula ele é o bem. Para quem apoia Sérgio Moro, o ex-presidente é o mal. Ambos são protagonistas de um fato que de jurídico se tornou político. A Lula coube o que lhe convém. Afinal, ele é político 24 horas por dia. A Sérgio Mouro, de juiz comedido coube a autoria de transformar uma operação, no caso a Lava Jato, em novo sistema político-judicial no país.
Não entro no mérito de que há acusações sem provas formais – ou será que o Código Penal Brasileiro mudou e que crime não exija mais a materialidade.
O fato é também que o Brasil é o único país onde um magistrado se utiliza de um perfil para conclamar pessoas que apoiam determinada operação a não saírem às ruas. Isso não seria parcialidade? Por que não houve um apelo geral a prós e contras? A cada um caberia o livre arbítrio da decisão.
Bem, confesso que leio e releio tudo e com a audiência de ontem, Lula Day, não poderia ser diferente. O que quero dizer é que seria ingênuo dizer Lula venceu o embate ou que Moro derrotou Lula; ou que Lula é anjo e Moro é o vilão ou vice versa. O fato é que o juiz deu o palanque a Lula para 2018. A maior prova disso é que o ex-presidente saiu da Justiça Federal e se esbaldou no meio do povo.
Se ele é culpado ou inocente? Que documentos comprovem; que as urnas o digam! Até isso acontecer o veneno áspero do ódio, ou doce veneno do amor – quem sabe? – vai continuar escorrendo pelos dedos de brasileiros desmedidos ou comedidos. Cada um com a sua verdade. Ou melhor, a verdade na qual quer acreditar!