Só existe uma maneira de tirar conclusões sobre o depoimento de Lula sem ser influenciado por fanáticos de um lado ou de outro: assistir aos depoimentos na íntegra.
Os dois lados tiveram um oceano de tempo para falar. Ambos foram elegantes: poucas interrupções da fala alheia, (quase) nenhuma baixaria, articulação de sobra.
Claro que a sua conclusão não terá importância: isso não é um debate. É um julgamento. Trata-se de um dos políticos mais importantes da história do País sendo julgado por lavagem de dinheiro pela operação anti-corrupção mais relevante e bem sucedida da história deste mesmo país – por isso mesmo não há como sair dessa sem escolher um lado. Para tanto, então, assista. Assista a este e aos próximos depoimentos. Se você ler/ver apenas versões editadas, só vai concluir que tudo se trata de uma batalha do bem contra o mal, da amoralidade contra a virtude; do sujo contra o imaculado – independentemente do lado, já que do ponto de vista fanático o mundo ou é preto ou é branco. Não existe espaço para zona cinzenta, muito menos para massa cinzenta.
Assista. Pense por conta própria. Faz bem para os neurônios. E sem neurônios, não temos um país, temos só massa de manobra.
(*) Alexandre Versignassi é diretor de redação da Superinteressante e autor do livro "Crash – Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.