(i)
Quanto mais uma palavra é evocada, mais o objeto a qual ela se refere encontra-se morto ou, no mínimo, inexistente no horizonte moral daquele que a utiliza.
(ii)
A razão, pobre coitada, pra poder viver é obrigada a estar sempre exprimida nos limites da realidade para poder ponderar de acordo com a sua natureza que é a razoabilidade.
Já a estupidez, por sua deixa, também é uma infeliz, haja vista que ela opera na vastidão ilimitada da insensatez emitindo observações na medida de sua índole: a insanidade que anseia em ser como a tal da razão.
(iii)
A idiotia ideologizada sonha em ser vista como sendo a voz da razão sem, necessariamente, fazer o menor esforço para tornar-se minimamente razoável.
A razão, por sua deixa, teme terminar seus dias na alcova da idiotia, porque sabe que a fronteira que a separa dessa triste possibilidade é por demais estreita e fácil de ser ultrapassada.
(iv)
Não especulemos sobre os fatos que desconhecemos. Isso é masturbação mental com ejaculação precoce da pior espécie. Procuremos, primeiro, conhecer os fatos desnudos – sem as vestimentas que impomos muitas vezes com os nossos olhares – e, após isso, tentemos articulá-los com outros fatos sem levantar conjecturas delirantes. Doravante, após a realização do rastreamento das conecções e articulações possíveis entre os mais variados fatos, podemos ter certeza de que – se estivermos realmente dispostos a compreender o que está acontecendo – a realidade se desvelará aos nossos olhos sem a necessidade de invencionices ideologicamente desorientadas e pretensamente críticas.
(v)
O razoável, por definição, tem limites. Agora, a imbecilidade, por sua natureza, os ignora e, por isso, é um saco.
(vi)
Quando alguém diz que pensa e avalia os fatos com isenção e criticidade é porque o limite de seu horizonte de compreensão é do tamanho duma tacanha visão infantil turvada pelo veneno gregário duma ideologia imbecilizante.
(vii)
É bom entendermos que não é a realidade que tem de caber dentro da guaiaca dos nossos desejos, mas sim, que são os nossos desejos que devem ser situados nos limites da realidade. Não entender essa obviedade é a mais pura e egolátrica infantilidade. Infantilidade que, em muitos casos, torna-se destrutiva na mesma medida em que se amplia a nossa indisposição para compreender que a realidade não está aí para atender todos os nossos caprichos, sejam eles graúdos ou miúdos.