Da redação – Enquanto os estados vizinhos Santa Catarina e São Paulo apresentam índices cada vez mais altos de doações efetivas de órgãos, segundo o recente levantamento da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) que será divulgado hoje , o Paraná, que já esteve em terceiro lugar no ranking dos estados com o maior número de transplantes, avançou pouco entre 2008 e 2009.
De acordo com a pesquisa, o número de doadores do estado no ano passado foi de 8,6 por milhão de população (ppm), um pouco abaixo do resultado nacional, que foi de 8,7. Enquanto o país apresentou um aumento de 26% nas doações, os índices no Paraná subiram cerca de 30%. Um resultado positivo se não fosse o fato de doações importantes como as de coração e de medula óssea terem caído consideravelmente no último ano (veja tabela). O resultado do Paraná, pelo o que tudo indica, se deve aos transplantes de rim e de tecidos como ossos e válvulas cardíacas.
Enquanto isso, São Paulo e Santa Catarina registram índices de países desenvolvidos, de 19,8 e 17,5 ppm, respectivamente. Segundo o presidente da ABTO, o médico Bem-Hur Ferraz Neto, embora o índice do Paraná tenha superado a meta nacional de 8,5 ppm o estado tem potencial para apresentar uma realidade muito melhor. A queda no número de transplantes ocorreu em vários estados, entre eles Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Ainda não sabemos identificar os problemas relacionados à doação de órgãos no Paraná. O nosso objetivo, este ano, é buscar esse diagnóstico para poder reverter esse processo, explica.
O foco da associação para o ano de 2010 serão as ações educacionais. Queremos formar profissionais de captação cada vez mais preparados para sanar as dúvidas da população. Eles precisam atuar não só dentro dos hospitais, mas também nas comunidades.
Ações locais
A diretora da Central de Transplantes do Paraná Viviane Saloum reconhece que no segundo semestre de 2009 houve uma queda significativa no número de doações no estado. A gripe suína foi uma das principais responsáveis, já que a prioridade dos hospitais era o atendimento aos infectados e o controle da doença. Felizmente, estamos retomando as doações desde janeiro.
Segundo Viviane, a Portaria 2.602 do Ministério da Saúde, que dobrou os valores investidos nas ações de incentivo, captação e transplante de órgãos, está sendo fundamental para levantar o número de procedimentos no estado. Novas equipes de captação estão se credenciando e temos um novo sistema de registro informatizado que permite que os próprios médicos façam o cadastro dos seus pacientes.
O novo sistema pela internet também poderá diminuir pela metade o número de pacientes na fila do transplante. Pacientes muito antigos, registrados nas décadas de 80 e 90, cujos médicos perderam contato, serão retirados da lista, explica. A criação de seis Organizações de Procura de Órgãos (OPOs), nos moldes das que já existem em São Paulo, também promete aumentar o número de doações e transplantes no estado.
Jennifer Koppe – jornal Gazeta do Povo
Foto: divulgação