Da Redação, com Conab
São Paulo – A safra brasileira de grãos vem registrando recorrentes recordes, marca que não vem sendo acompanhada pela capacidade de armazenar esses produtos. Para os 234,3 milhões de toneladas de grãos da safra 2016/17 previstos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), há capacidade para armazenar apenas 158 milhões, um déficit de 77 milhões, que ficam a céu aberto ou tem que sair diretamente da lavoura para seus locais de destino.
“São desoladoras as cenas que temos visto pelo país, especialmente na região Centro-Oeste e Mapitoba: milhares de grãos ao relento, se perdendo. São investimentos em tecnologia, em insumos e em mão de obra jogados fora”, lamenta Andrea Hollmann, Gerente Executiva de Armazenagem da CASP, uma das principais indústrias brasileiras de máquinas e equipamentos para avicultura, suinocultura e armazenagem de grãos. “Essa situação contraria uma das orientações da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação para segurança alimentar, que preconiza ao país ter uma capacidade de armazenagem 20% superior à safra”, complementa a executiva, mencionando os EUA, onde a capacidade estática de armazenagem dos americanos supera a produção de grãos do país.
O recente anúncio do Plano Agrícola e Pecuário 2017/2-18 com incentivos específicos para armazenagem melhorou o ânimo do mercado. Os juros do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) foram reduzidos de 8,5% aa para 6,5% aa, os recursos terão prazo de amortização do crédito em até 15 anos e financiamento de 100% do projeto, além da inclusão dos cerealistas com uma linha de R$ 300 milhões.
“Estamos otimistas, pois a dificuldade de acesso ao crédito acaba sendo um dos principais empecilhos para o investimento em armazenagem. Além disso, ter silos é também uma importante estratégia comercial, permitindo ao produtor aproveitar melhores preços de venda, ainda mais com excesso de oferta, como é o atual cenário”, analisa Andrea, apostando em uma retomada dos investimentos.