Sempre que pensávamos ter chegado além do horizonte, havia um centímetro a mais de ternura, alguns metros a mais de afetos e muitos quilômetros, muitas milhas, muitos anos-luz de amor;
Sempre que achávamos ter encontrado o brilhante da existência ainda existiam muitas minas, muitos garimpos a esconder tesouros mais preciosos, riquezas que pra nossas almas significavam toda a pureza da vida;
Sempre que sonhávamos com lençóis de cetim produzidos pelas mãos da natureza acabávamos deitados em outros tantos panos tão ou mais acolhedores, em infindos tecidos que abrigavam nossos desejos mais guardados;
Sempre que supúnhamos não ter mais nada além da última estrela, éramos avistados pelas luzes que viajaram toda a eternidade para nos doar seu brilho e a luminosidade, sem a qual tatearíamos na escuridão dos nossos dias.
E foi assim, de pensar em achar, de achar em sonhar e de sonhar em supor que chegamos aonde chegamos. Por toda a caminhada somos gratos, por todas as flores que embelezaram nossa estrada, por todas as chuvas que desaguaram sobre nossos dias, por todos os bem-te-vís que descobriram nossa chegada e a anunciaram aos amigos e amados, os quais estenderam os tapetes de flores onde apoiamos nossas asas exaustas, mas felizes.