22/08/2023
Política

Contrariando o PMDB estadual, Krüger discursa na Convenção em Brasília

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Guarapuava – Apesar de instado a não comparecer a Brasília no último dia 12, Nivaldo Krüger (foto) viajou à Capital Federal e, como fundador do partido, pronunciou um discurso na Convenção Nacional do PMDB que chamou a atenção, recebendo aplausos e manifestações de apoio de alguns, e deixando outros incomodados. José Sarney, por exemplo, chegou a retirar-se do recinto. A seguir, uma síntese do pronunciamento.
Krüger começou reverenciando os fundadores do partido, “que não se renderam, não se atemorizaram, nem mediram sacrifícios diante dos golpes de força, e por serem fiéis a princípios e ideais elevados foram violentados, banidos, cassados e mortos”.
Lembrou que os princípios que nortearam os fundadores na sua luta pela consolidação democrática, são princípios que “nunca devem extraviar-se nos meandros do oportunismo conveniente”. E enfatizou:
“A honra pessoal e o dever cívico não convivem com questões escusas, que decompõem a confiança na política e na democracia. Por causa dos fatos deploráveis que vêm desmerecendo o político, e a política, apenas 20% das pessoas ainda acreditam neles”.
Lembrou que o Brasil é o país da América Latina onde uma pesquisa mostrou o maior número de saudosos da ditadura. “Um nefasto efeito dos mensalões, e de tudo o mais que conhecemos na área da compra e venda de parlamentares e executivos. Por onde andarão os ideais dos nossos fundadores?!”
E voltou a lembrar os poucos guerreiros do passado, como Oscar Passos e Ulysses Guimarães, que se levantaram, movidos pela razão ofendida e pela indignação contra a violência, e reagiram, sobrevivendo a 1964. Krüger lembrou que, eleito prefeito de Guarapuava 30 dias antes do golpe militar, não aderiu, “como o fizeram a maioria de oportunistas, covardes, traidores – e até pessoas de boa fé.”
Mais tarde, em 1966, foi fundador do MDB nacional. “Alegro-me de estar aqui e poder dizer: eu estava lá, e de ter exercido sete mandatos sob esta gloriosa legenda”.
Em seguida lamentou: “Desde então, onde ficaram os nossos ideais cívicos e de justiça, a dignidade dos mandatários, a majestade do Parlamento?
Lembrou o exemplo da ARENA, auto-proclamada “o maior partido das Américas”. Uma aglomeração despersonalizada de oportunistas, com falsa identidade, que acabou dividida em sublegendas, com uma só cabeça, vestida de farda e quepe”.
Em seguida, alertou: “Hoje o nosso é o maior partido do País. Isso é bom, mas não é suficiente. Precisamos mostrar que ele não está à venda, não é mercadoria. Só assim seremos confiáveis”.
Citou A História de um Rebelde, de Tarcísio Delgado, que já em 2006 denunciava:
“O PMDB, ao completar seus 40 anos de existência, vive uma grave crise existencial. Nos últimos 20 anos, ingressaram no partido, dos diversos estados da União, lideranças regionais que não tinham e não têm qualquer compromisso com sua história. Na verdade, são lideranças que, de modo geral, estavam do outro lado quando da luta pela redemocratização do país, nos primeiros 20 anos de sua existência.
Essas lideranças ganharam posições e agora, em meados de 2006, quando da decisão sobre candidaturas às eleições gerais de outubro, conseguiram manipular o comando partidário e impedir que o PMDB tivesse candidato à Presidência da República, ou sequer fizesse coligação com qualquer outro partido”.
Citou nomes de peso nacional para a Presidência, lembrando a tradição peemedebista do Paraná, governado por José Richa, Álvaro Dias e Roberto Requião.
De Requião, no fim de seu terceiro mandato, apresentou os resultados de sua opção preferencial pelos pobres, criando programas como:
Luz Fraterna, Leite das Crianças, Tarifa Social da Água, isenções tributárias para pequenas empresas, Trator solidário, Centros de Saúde da Mulher e da Criança, 40 novos hospitais, Saneamento básico, Programa Florestal, Compra de 1.100 ônibus p/transporte de alunos, Programa Habitacional, o maior salário mínimo do País, etc.
Como resultado, fez algumas comparações. De 1995 a 2002, nos oito anos do governo anterior (Jaime Lerner) foram criados no Paraná 37.882 empregos com carteira assinada. Esse número – de oito anos – foi superado apenas pelas contratações do ano passado (2009), apesar da crise. “E nos sete anos de nosso governo foram criados 17 vezes mais empregos formais do que nos 8 anos do governo anterior”.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o Paraná é o estado brasileiro que mais reduziu os níveis de pobreza. Em 2003 havia aqui 1.600.000 pessoas vivendo abaixo do nível de pobreza. Já em 2008 esse número havia caído pela metade.
O economista Marcelo Néri, coordenador do Centro de Pesquisas Sociais da FGV, declarou à Gazeta do Povo que o Paraná “está 25 anos à frente do Brasil na redução da pobreza”.
Diante desses fatos, em reunião do partido em fins de 2009, em Curitiba, os diretórios do partido do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e de São Paulo, levantaram a bandeira da candidatura própria, apontando o nome de Requião para a presidência da República.
Foto: divulgação

Cristina Esteche

Jornalista

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