22/08/2023
Guarapuava

Com o prumo fora de nível

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(i)

Uma alma desordenada, sem um centro, está condenada a repetir os mesmos equívocos e, faz isso, nutrindo a crença pueril de estar inovando no seu repetitivo ato de equivocar-se nas mesmas coisas e das mesmas formas de sempre.

(ii)

Não falo em nome de ninguém a não ser de mim mesmo. Aliás, só pra constar: se certas pessoas – figuras públicas ou ilustres desconhecidos – soubessem o quanto é ridículo apresentar-se como supostos porta vozes do povo, dos fracos, dos oprimidos, disso e daquilo sem, de fato, representá-los, ficariam silentes por um bom tempo ou seriam, ao menos, mais modestos em suas considerações populistas de araque.

(iii)

Procuro, dentro de minha decaída condição humana – e põe humana, e coloca decaída nisso – ir à Santa Missa dominical não pra ver e me encontrar com a comunidade, nem pra testemunhar um profano show de calouros.

Com a comunidade me encontro todo o santo dia.

Na Santa Missa anseio encontrar-me com Nosso Senhor Jesus Cristo, apresentar-me a Ele, em minha triste indigência e mísera indignidade espiritual.

(iv)

O Brasil não tem um problema. Ele é um problema praticamente insolúvel.

(v)

A meu ver, um dos grandes problemas do Brasil, em especial da faixa que se autoproclama esclarecida, é a excessiva credulidade nutrida por ela nas soluções políticas – e nos ícones de barro que se apresentam como seus representantes – e uma total falta de fé em Deus junto com a ausência de uma sincera vida de oração.

(vi)

Setembro, para toda a catolicidade, é o mês da Bíblia. Mês esse em que devemos nos dedicar àquilo que todos os dias deveríamos fazer: a lectio orante.

(vii)

Todo mundo, de vez em quando, tem o seu momento de chatice. Faz parte da vida. Porém, há uns carniças que pediram pra ser chato e deu eco. São chatos praticamente todo dia.

(viii)

Coerência, pra esquerdista, é cometer o erro de acreditar em um monte de patacoadas ideologicamente deformadas na juventude e, passados os anos, continuar a crer e a defender ferozmente os mesmos disparates deformantes apreendidos em tenra idade.

(ix)

Maturidade não é sinônimo de uma vida onde o indivíduo insiste em defender as ideias e os ideais disformes apreendidos na juventude. Não mesmo. Isso é somente a coerência dos tontos. Maturidade é aprender a ter vergonha dos erros cometidos em idade juvenil e a abandonar todas as ideias e todos os ideais que deformam a personalidade duma pessoa em qualquer idade.

(x)

Li muito as obras de Nietzsche em minha porca juventude. Praticamente tudo. Por isso digo, sem pestanejar, que ele era um doido varrido de carteirinha. E, como todo maluco de pedra, ele tinha lá seus momentos de genialidade. Por isso, penso que a grande questão, na leitura de suas obras, é sabermos diferenciar as sandices do dito cujo dos seus lampejos de sabedoria. E sou franco em dizer: não são muitos que sabem fazer isso, como também não são tantos assim os lampejos de sapiência que podem ser encontrados em suas laudas.

Cristina Esteche

Jornalista

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