22/08/2023
Brasil

Fim dos tempos!

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Realmente estamos vivendo o fim dos tempos. As máscaras estão caindo, as sujeiras saltam debaixo dos tapetões, a corrupção se materializa encontrando caras e nomes. Generais empunham suas armas a partir de palavras e pregam a volta das Forças Armadas no comando do país. Em seguida a alta cúpula do Exército vem a público e desqualifica a afirmação do general Antonio Hamilton Martins Mourão que na sexta (15) que defendeu a possibilidade de intervenção militar diante da crise enfrentada pelo país, caso a situação não seja resolvida pelas próprias instituições. É claro que nada será resolvido. Afinal, estamos vivendo uma ditadura civil patrocinada pelo governo. É ele, o governo, quem decide tudo, a começar pela extinção de direitos sociais.

Sem entrar no mérito da linha editorial de o Globo, recentemente, um editorial publicado pelo jornal acusou Michel Temer de sabotar a democracia brasileira em dois episódios: o uso da máquina pública para destruir a empresa JBS, que delatou Temer, e a espionagem contra o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Assim estava escrito: "Em um caso inominável de uso da máquina do Estado em proveito próprio, o presidente teria mobilizado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para produzir um dossiê contra o ministro" e  fala sobre "um movimento de braços do governo para estrangular o JBS como empresa". O título do editorial? “Temer usar Estado em sua defesa é atacar a democracia”, numa referência ‘a ditadura implantada pelo presidente.

Esses são apenas uns absurdos na esfera governamental, sem excluir outras instâncias. E agora, para começar a semana, o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara do Distrito Federal, concedeu liminar que abre brecha para que psicólogos ofereçam a terapia de reversão sexual, conhecida como ‘cura gay’, tratamento proibido pelo Conselho Federal de Psicologia desde 1999. Nuna vi tamanho absurdo!

Não consigo ver de outra forma, mas estamos vivendo um retrocesso ímpar assinado por conservadores que insistem em emperrar avanços na área de direitos humanos; que ferem a democracia, a liberdade de escolha; que deturpam conceitos e alimentam o preconceito voraz. Estamos vivendo uma cultura punitivista que ganha força em discursos oficiais – que o diga Jair Bolsonaro –  e que ganha peso em medidas judiciais que alimentam, ainda mais, a ânsia sádica de quem se acha no direito de atirar primeira pedra e de condenar, de comandar a vida de pessoas e suas escolhas. E as redes sociais estão aí como ferramenta que desnuda o instinto mais cruel do homem.

Realmente, estamos vivendo o fim dos tempos, mas precisamos ter discernimento para entender tudo isso e não permitir que o Brasil permaneça num tipo de ditadura e possa cair em outra. Não é mais possível permanecer impávida observado decisões unilaterais que atingem milhares e milhares de pessoas e que, a exemplo dos homossexuais, o único “pecado” que cometem é amar o igual, querer ser livre para fazer o que bem entender sem ferir ou amordaçar alguém. E que seja o amor, em todas as suas formas, que feche este ciclo obscuro e cruel, que derrube as máscaras, que faça nascer um novo tempo, um novo Brasil. Porque do jeito que está: Brasil nunca mais!

 

Cristina Esteche

Jornalista

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