22/08/2023
Cotidiano

Especialistas comentam terremotos na América Latina

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Guarapuava – Dois grandes terremotos ocorridos no Haiti e no Chile nos dois primeiros meses do ano sacudiram a América, deixando um rastro de morte, destruição e desordem na região. O impacto do tremor ocorrido no Chile foi tanto que chegou a ser sentido em Cascavel, cidade paranaense localizada a 2,3 mil quilômetros do país.

A região

Apesar do estrago causado pelos tremores, os especialistas ressaltam que a América é uma região propícia para os abalos e o pior de tudo: é muito difícil prever ocorrências do tipo. “Tanto o Haiti quanto o Chile ficam na borda das placas tectônicas”, comenta o professor de Geologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Donizeti Giusti. Ele destaca que existem dois tipos de movimentos envolvendo as placas tectônicas: um que as afasta e outro que as comprime – o segundo causa os terremotos devido à energia gerada pelo choque que entre as placas.

“Na verdade, toda a costa Oeste da América é propícia a esse fenômeno devido ao contato entre as placas tectônicas”, acrescenta o professor de Geografia da Unicentro, Adalto Gonçalves Lima, especialista nas áreas de geologia e geomorfologia. “É como se o [oceano] Pacífico estivesse entrando debaixo do continente americano”, exemplifica, destacando ainda que a faixa andina da América do Sul também é caracterizada pelo vulcanismo, fenômeno relacionado a terremotos.

No entanto, apesar de localizados em uma região onde os terremotos ocorrem com freqüência, é difícil realizar qualquer tipo de previsão sobre os fenômenos. “O movimento das placas tectônicas não é contínuo. Além disso, é difícil precisar a quantia de energia que vai ser liberada pelo atrito entre as placas”, explica Lima.

Mesmo com a dificuldade de prever os tremores, ficou claro que o Chile estava mais preparado do que o Haiti. “Primeiramente, existe diferença entre os dois países do ponto de vista educacional. Além disso, no Chile há uma série de procedimentos a serem obedecidos ao menor sinal de tremor. Quando alguma coisa está errada, as pessoas sabem exatamente a que lugar da cidade precisam se dirigir para evitar problemas”, destaca Giusti.

Os dois professores também comentam que as “réplicas”, tremores de menor intensidade após o abalo maior são comuns. “Há um período que acomodação depois do choque entre as placas, fazendo com que ocorram mais tremores”, afirma Lima. Uma dessas “réplicas” foi sentida em Cascavel no Paraná.

Impacto

Entre as 3 e 4 horas da madrugada de 28 de fevereiro, dia seguinte após o terremoto ocorrido no Chile, o Corpo de Bombeiros de Cascavel recebeu cerca de 50 ligações de pessoas relatando tremores. Segundo o tenente Rafael Tavares, os moradores que procuraram o Corpo de Bombeiros residem na região central da cidade e em edifícios altos.

“Apesar disso, não foi verificado nenhum abalo nas estruturas dos prédios nem rachaduras. As pessoas estavam preocupadas, algumas, inclusive deixaram seus apartamentos, mas não foi necessária nenhuma vistoria ou ordem para a evacuação”, informa Tavares.

Mesmo que o tremor acontecido em Cascavel não tenha tido proporções, as pessoas que perceberam o abalo se assustaram. “Meu vizinho disse que estava dormindo e acordou, sentindo um forte tremor de terra. Então ele olhou para o lustre do apartamento e percebeu que o mesmo estava balançando. Segundo ele foi um susto muito grande”, conta a estudante, Caroline Oliveira.

Não é a primeira vez que um tremor é sentido no Estado: em 2008, moradores de Curitiba e São José dos Pinhais relataram tremores – na capital 12 bairros foram atingidos, sem nenhuma vítima registrada. “Dependendo da profundidade do foco e da altitude das camadas referentes às placas tectônicas, alguns tremores podem ser sentidos. Mas não existe perigo no Brasil, já que o país se encontra em uma região estável, no centro da placa tectônica e longe das áreas de compreensão”, comenta Giusti.

“Foram registros alguns tremores mais intensos no Nordeste. Mas foi algo isolado, já que estamos em uma região de baixa atividade tectônica”, acrescenta Lima.

Curiosidade: o funcionamento das placas tectônicas

O planeta Terra é coberto por uma camada formada por terra e rochas chamada de crosta terrestre ou litosfera. Esta crosta não é lisa e uniforme, mas sim irregular e composta por placas tectônicas. Estas placas não são fixas, pois estão sob o magma (rocha fundida de alta temperatura).

Estas placas tectônicas estão em constante movimento, exercendo pressão umas nas outras. Muitos terremotos são ocasionados pela energia liberada pelo choque entre estas placas. Regiões habitadas, que estão situadas nestas áreas, recebem maior impacto destes terremotos. Muitos vulcões se formam nestas regiões de convergência entre placas. A ruptura no solo faz com que, muitas vezes, o magma terrestre escape, atingindo a superfície. (Fonte: Brasil Escola)

Cleyton Lutz – Rede Sul de Notícias

Foto: terremoto ocorrido no Chile causou muitos estragos ao país (divulgação)

Cristina Esteche

Jornalista

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