Da Redação, com assessoria PF
União da Vitória – A Polícia Federal deflagrou nesta quarta (04) a Operação Anhangá Arara para combater a extração ilegal de madeiras nobres na Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, no Oeste do Pará, por madeireiras clandestinas. A Polícia Federal estima que os danos ambientais podem ultrapassar os R$ 547 milhões – referente exclusivamente às atividades madeireiras – e mais de R$ 322 milhões – referente aos produtos florestais extraídos ou destruídos durante a operação.
Estão sendo cumpridos dez mandados de condução coercitiva, 11 mandados de sequestro de bens e valores, seis mandados de busca e apreensão e a suspensão das atividades das empresas envolvidas no esquema criminoso. Aproximadamente 40 policiais federais participam da operação nas cidades paraenses de Uruara, Placas, Rurópolis, Santarém, Castelo dos Sonhos, Altamira; além de Porto União, em Santa Catarina; e Curitiba e União da Vitória, no Paraná.
As investigações começaram após divulgação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de que a TI Cachoeira Seca estava sendo alvo de madeireiras clandestinas. Foi identificado, então, um grupo empresarial composto por familiares, sendo o patriarca o responsável pela coordenação da extração ilegal de madeira em áreas protegidas e por escoar a madeira para empresas do grupo.
Para burlar a fiscalização e dar legalidade à madeira, o grupo fraudava créditos florestais por meio de inserção de dados falsos no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora), além de utilizar planos de manejo florestal falsos. A madeira era transportada entre empresas do grupo até ser exportada por meio dos portos de Belém e do Sul do Brasil, como os de Itajaí e Paranaguá. O destino da madeira eram países no continente americano (Estados Unidos, Panamá, Argentina), Europa (França, Reino Unido, Alemanha) e Ásia (Emirados Árabes Unidos, Coreia do Sul).
O nome da operação, Anhangá Arara, significa proteção morada dos índios. Anhangá é o espírito protetor da natureza, figura pertencente ao folclore indígena, enquanto Arara são os povos indígenas que habitam a terra indígena.
A TI Cachoeira Seca foi homologada pelo Governo Federal em abril do ano passado e destinou a posse permanente e o usufruto exclusivo da área aos índios Arara. O território de mais 730 mil hectares está localizado ao norte de uma região conhecida como Terra do Meio e faz parte de um dos “mais importantes corredores de áreas protegidas da Amazônia”.
A demarcação de uma terra para os Arara era umas das condicionantes para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. A etnia foi considerada grupo vulnerável pelos estudos de impacto da usina, segundo parecer técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai).