Da Redação
Guarapuava – A Cooperativa Agrária, localizada no distrito de Entre Rios, começa nesta quinta (05), a programação da tradicional Festa da Cevada, em Guarapuava.
A abertura ocorrerá às 19h30 de hoje, com Ato Ecumênico, no Centro Cultural Mathias Leh, na Colônia Vitória. O momento, que será celebrando em conjunto pelo padre Jackson Tozetto e pelo pastor Ari Käfer, será dedicado à memória dos milhares de suábios mortos em campos de trabalho forçado e extermínio durante a 2ª Guerra Mundial, aos pioneiros que reconstruíram suas vidas em Entre Rios, bem como em comemoração aos 50 anos da construção da Capela Votiva, em homenagem à Nossa Senhora.
O roteiro do Ato Ecumênico contará com a acolhida do padre e do pastor, a entrada das oito cruzes que simbolizam os campos de concentração, a explicação histórica da Capela Votiva, orações, a homilia, preces e a bênção. Grupos de canto e música da Fundação Cultural Suábio-Brasileira serão responsáveis pela harmonização musical da celebração.
De acordo com a Agrária, a construção da capela em um ponto central entre as cinco colônias de Entre Rios, está diretamente ligada à história de sofrimento do povo suábio. A partir de 1944, os suábios do Danúbio passaram a viver um verdadeiro martírio. O regime comunista de Josip Broz Tito desapropriou e expulsou da antiga Iugoslávia todas as etnias de origem germânica. Os que conseguiram fugir, refugiaram-se em propriedades rurais na Áustria durante sete anos – 500 dessas famílias viriam a Entre Rios, a partir de 1951.
Mas os que foram surpreendidos, ou não quiseram deixar suas terras cultivadas há dezenas de gerações, foram levados para trabalhar em minas de carvão ou deportados para trabalhos forçados na Rússia. Outros milhares perderam a vida em campos de trabalhos forçados e de extermínio na própria Iugoslávia. Alguns desses locais de morte, extermínio, horror e ruína para os suábios foram Gakovo, Rudolfsgnad, Kruschevli, Mitrowitza, Jarek, Krdija, Valpovo e Molidorf.
Mesmo com o fim da Guerra, em 1945, milhares de suábios continuavam sendo perseguidos e mortos. Durante uma missa, no Campo de Concentração de Gakovo, em 24 de março de 1946, o padre Wendelin Gruber prometeu, juntamente com seus compatriotas, que os suábios iriam peregrinar todos os anos, se sobrevivessem às agruras da guerra. “Se sobrevivermos, faremos uma peregrinação anual em agradecimento. Iremos erguer uma capela Votiva em homenagem à Nossa Senhora, para onde iremos peregrinar anualmente e agradecer pela liberdade”, disse na ocasião. A mesma promessa foi renovada no domingo de Pentecostes (9 de junho de 1946) no Campo de Concentração de Rudolfsgnad.
No dia 18 de outubro de 1964, o mesmo padre Wendelin Gruber organizou a primeira romaria em honra à Nossa Senhora à Igreja Maria do Perpétuo Socorro, na Colônia Socorro, em Entre Rios. Os peregrinos vieram em procissão de todas as colônias, com bandeiras das Igrejas e imagens de Nossa Senhora, da mesma forma como se dava a tradição na “Antiga Pátria”. Em outubro de 1965, ocorreu a segunda peregrinação à Igreja da Assunção de Nossa Senhora, na Colônia Samambaia.
Finalmente, em 1966, ergueu-se no centro das cinco colônias de Entre Rios a pedra fundamental da Capela à Nossa Senhora, com uma celebração. E no dia 15 de outubro de 1967 foi feita a romaria para a Capela Votiva (a palavra “votiva” vem de voto, promessa), em homenagem à Nossa Senhora. O bispo D. Frederico Helmel celebrou a missa festiva.