22/08/2023
Política

Carli poderá ser processado pelo Ministério Público

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Guarapuava –  O prefeito Fernando Ribas Carli poderá ser autuado criminalmente por desobediência ao Ministério Público. O anúncio foi feito à REDE SUL DE NOTICIAS/TRIBUNA pela promotora Bianca Malachine na manhã desta sexta-feira (19).
É que o prefeito, pela segunda vez consecutiva, ignorou as solicitações feitas pela Promotoria dos Direitos e Defesa do Consumidor e não respondeu às questões formuladas a respeito do aumento da taxa da coleta do lixo.
O prazo dado pelo MP expirou na quinta-feira (18), mas a promotora disse que aguardará uma resposta até esta segunda-feira (22). Caso isso não aconteça, o MP repassará o impasse para a Procuradoria Geral do Ministério Público para que as providências cabíveis ao crime de desobediência sejam tomadas. “Como o prefeito tem foro privilegiado, a competência será do Tribunal da Justiça”, disse a promotora.
Pagamento de multa e serviços à comunidade são duas sanções previstas neste caso, se houver a condenação.
Dois documentos já foram encaminhados ao prefeito Fernando Ribas Carli, o primeiro no dia 28 de janeiro. Embora Carli tivesse 10 dias para se manifestar, a ordem do MP foi ignorada. Novo oficio solicitando as informações foi encaminhado ao prefeito e mais 10 dias de prazo foram dados. O tempo do prefeito nessa questão acabou na quinta-feira (18), e até às 18 horas o MP não tinha recebido nenhuma manifestação oficial.
“Mesmo que o caso seja remetido à Procuradoria do MP vamos continuar reiterando o pedido de informações, porque o nosso objetivo é obter as respostas”, disse a promotora.
A população, entretanto, não aceita o aumento calada. Presidentes de associações de moradores estão mobilizados e uma nova reunião foi realizada na Colônia Vitória na quarta-feira (17). Advogados, lideranças comunitárias do distrito e de vários bairros da cidade, representantes do Conselho de Justiça e Cidadania de Guarapuava (Consejug) estiveram no encontro. “A nossa posição é de vigilância e de preocupação. Por isso, estamos estudando para ver se há inconstitucionalidade na lei ou não. O conselho preza pela justiça e pelo bem maior da população”, disse o presidente do Consejug, Airton Pasetti.
A taxa da coleta do lixo em Guarapuava sofreu um aumento de até 750% neste início de 2010. Desvinculado da cobrança da água, o tributo passou a ser cobrado junto com o carnê do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), provocando o aumento que vem sendo considerado abusivo pela população.
“Eu não vou pagar este valor. Isto aqui é um absurdo”, disse a dona de casa, Maria de Lourdes Silveira, que mora no Bairro Santa Cruz. Ela conta que passa a maior parte do tempo no sítio e que vem para a casa na cidade apenas duas vezes por mês. “Estão me cobrando R$ 238,90 por um lixo que quase não produzo”, reclama.
A taxa da coleta do lixo passou a ser calculada de acordo com a área construída das residências, provocando a diferença. “Tem um bar aqui na esquina que fica aberto dia e noite e o dono vai pagar menos que eu que nem paro em casa. Trabalho o dia todo e só venho depois da faculdade”, reclama a acadêmica Débora Amaral. A revolta da população se agravou porque logo em seguida ao aumento da taxa da coleta do lixo, cartões de final de ano foram entregues nas casas assinado pelo B, o filho caçula do prefeito Fernando Ribas Carli, que faz “teste-drive” para uma possível candidatura a deputado estadual nas eleições deste ano.
Erro de estratégia. A população passou a associar os gastos com o cartão com o aumento no carnê do IPTU.
“Pensam que o povo é bobo. Ainda tem gente recebendo o cartão do filho do prefeito. Enquanto fazem isso, querem que a gente pague as contas, mas eu não vou pagar nada”, afirma Eleozi Klipp, que mora no núcleo Tancredo Neves.
Mobilizados, os contribuintes foram às ruas numa manifestação organizada pelo Movimento das Mulheres do PT, Sindicato dos Servidores Públicos e Professores Municipais, Sindicato dos Bancários, Pastoral Operária, entre outras entidades, na Praça Cleve. Uma passeata até o Ministério Público marcou a entrega do abaixo-assinado à promotora Bianca Malachine.

Cristina Esteche

Jornalista

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