Da Redação
Irati – Uma exposição no campus da Unicentro, em Irati, compartilha experiências a partir do ato de olhar em fotografias registradas pelo professor Marcio Fernandes, do Departamento de Comunicação Social da Instituição. A exposição acaba neste dia 31 de outubro.
Muito mais do que provocar as pessoas de todas as idades a exercitar o olhar através de uma câmera fotográfica, como a do próprio celular, por exemplo, a ideia da exposição é chamar uma reflexão sobre o tempo e o que vemos à nossa frente e que, na maioria das vezes, não nos damos conta.
Segundo Marcio, num batepapo sobre fotografia com alunos em Irati, a noção de aceleração do tempo na vida contemporânea é muito presente. Ele afirma que, cotidianamente, nos queixamos de que não temos tempo para várias atividades e a ideia da exposição é, justamente, ir em contraponto a este pensamento. “O que o mundo contemporâneo está fazendo conosco? Às vezes, nos esforçamos tanto para estar em um lugar que quando chegamos lá ficamos 15 segundos, e nesse tempo fazemos uma selfie, e não apreciamos o lugar.” Ele diz que ficou impressionado em vários lugares do mundo com isso, mas nenhum foi mais sintomático do que no Museu do Louvre, quando teve uma rara oportunidade de ver aquela que é a tela mais famosa do mundo, a Monalisa. As pessoas pagam mais de R$ 100 para entrar, caminham muito até chegar onde fica a área dela, enfrentam uma fila enorme para ver o quadro e ficam poucos segundos, nem olham. Então, a ideia da exposição é refletir um pouco sobre isso mostrando cenas do cotidiano”, destaca.
Marcio lembra que muitas pessoas cresceram com a ideia de que para ser um fotógrafo tinha que estudar muito, aprender técnica e manuseio de equipamentos. Porém, a fotografia digital e, principalmente, a fotografia portátil, que veio com os smartphones, nos permitem quebrar um pouco esse paradigma e exercitar o olhar. Durante sua fala, junto a alunos de diferentes cursos da graduação, o professor propôs uma reflexão.
“É uma provocação para as pessoas de qualquer idade. Eu que não sou fotógrafo profissional e não tenho a mínima pretensão, nem talento para isso, me acostumei com o celular e hoje prefiro fotografar com ele do que com uma boa máquina. E a ideia é mostrar que ele é um instrumento presente e importante na nossa vida, extremamente útil no trabalho, nas relações pessoais e familiares. Mas ele também pode ser uma ferramenta extremamente importante para olharmos a natureza, a beleza que existe nas pessoas, no entorno do nosso mundo e depois captar, e não o contrário, captar uma cena e nem olhar o lugar que retratamos”, complementa.
A exposição “Ato de Olhar” é composta de duas partes – Luzes e Cores, e Formas Geométricas. São retratos, sob a ótica do professor Marcio de vários lugares do mundo, em países como Argentina, México, Espanha e França, mas também, de locais da região que abrange a Unicentro, como o trecho entre Irati e Guarapuava.
A chefe da Divisão de Promoção Cultural (Diproc) do campus Irati, professora Alexandra Lourenço, em entrevista concedida à Coordenadoria de Comunicação, ressalta que a exposição se propõe a pensar a arte e a cultura destes espaços a partir da fotografia. “São fotos realizadas em locais, espaços urbanos, mas não só. Houve a capacidade de observar pequenos detalhes, que podem travar conosco uma forma de comunicação visual interessante, que nos mostram paisagens, a cultura e a história de outros povos se mergulharmos em cada uma dessas fotos e buscarmos ver o sentido delas. Para além da parte artística que compõe a realização da foto, para mim, essa exposição traz muito essa lógica de, através da arte e da fotografia, conhecer um pouco da cultura de vários lugares e espaços distribuídos pelo mundo”.
O acadêmico do primeiro ano de Matemática, Edson André Schnersoski, acompanhou o bate-papo com o professor Marcio. Edson reafirma que, com o desenvolvimento da tecnologia, a maioria das pessoas tem um cotidiano corrido, e, muitas vezes, não têm a oportunidade de observar o que está diante dos seus olhos. “Por meio desta exposição conseguimos perceber que a beleza está perto de nós e, por causa dessa correria, não somos capazes de observar isso. Temos aquela velha noção de que todo mundo tem que conhecer Paris, a Torre Eiffel, mas a beleza está perto de nós e não conseguimos observar. A exposição vem tentar desmistificar essa questão e fazer com que possamos perceber que perto de nós também existem muitas coisas bonitas e que merecem ser admiradas”.