Os números continuam sendo assustadores sem, entretanto, que alguma medida seja tomada por parte dos órgãos cabíveis. De acordo com números revelados pela Unicef neste dia 1º de novembro, o Brasil figura no ranking entre os países, sem conflito armado, que mais matam crianças e adolescentes. São meninos entre 10 e 19 anos de idade que perdem a vida numa guerra civil não oficializada. A cada sete minutos uma vida é ceifada pela violência, quer seja urbana ou rural. A última tragédia na região de Guarapuava foi a morte de um menino de 11 anos durante assalto no município de Pinhão. A realidade é cruel para quem perde um filho.
Segundo a estatística, em 2015 foram 59 mortes para 100 mil pessoas nessa faixa etária. Os dados estão expostos no relatório “Um Rosto Familiar: A violência nas vidas de crianças e adolescentes”, com base em dados da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde.
O estudo aponta as várias faces da violência e uma delas mostra que o Brasil continua sendo um país racista, embora pregue uma democracia racial não verdadeira. Aqui vítimas têm cor, classe social e endereço: a periferia. E nesse cenário habitam os negros que são mais vulneráveis a riscos, uma vez que na maioria das vezes vivem em comunidades com níveis mais elevados de homicídio, com desigualdade social e de renda, disponibilidade de armas, presença de tráfico de drogas, uso generalizado de drogas e álcool, falta de oportunidades de emprego e com desorganização e segregação urbana. Somente em 2014, o Brasil amargou um índice três vezes maior de homicídios entre adolescentes homens negros em relação aos brancos.
Outras formas de violências em todo o mundo, que podem ser fatais, e que são apontadas pelo relatório, tem a cara da violência doméstica e disciplinar na primeira infância; na escola, com grande incidência de bullying; violência sexual.
Como combater essa triste realidade a gente já sabe de cor e salteado, mas os governos costumam faltar a essas aulas. De acordo com a Unicef, é preciso criar políticas públicas que combatam as desigualdades econômicas e sociais agudas, normas sociais e culturais que toleram a violência, políticas e legislação adequadas, serviços suficientes para as vítimas e investimentos limitados para prevenir e responder à violência.
Está ai, portanto, uma excelente pauta para os discursos políticos que tomarão conta do ar em 2018. Mas acima de tudo, é preciso que o eleitor saiba escolher e, principalmente, fiscalize e cobre para que as propostas saiam do papel. Tudo bem, essa tecla está desgastada, mas enquanto não houver uma reação é preciso continuar insistindo. Se isso não acontecer, não adianta infestar as redes sociais com comentários raivosos e lamentações pífias.