22/08/2023


Brasil Geral

Foto da Hora | O ódio contra Judith Butler

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Do site da Veja

São Paulo – O seminário sobre democracia que recebe a filósofa americana Judith Butler no Sesc Pompeia, aberto na manhã desta terça (07), em São Paulo, foi marcado pela presença de dezenas de manifestantes. Grupos contrários à presença da filósofa no evento, que vai até quinta feira, levaram bandeiras do Brasil, placas pelo fim da “ideologia de gênero” e uma boneca vestida de bruxa, com o rosto de Butler, na qual atearam fogo. Manifestantes que defendem Butler também estão no local para defender sua participação. A polícia formou um cordão de isolamento entre os dois grupos.

Referência mundial nos estudos de gênero por ter cunhado o conceito de “performatividade de gênero” (leia abaixo), Judith veio, na verdade, falar de política. Ela está lançando o livro Caminhos Divergentes – Judaicidade e Crítica do Sionismo (Boitempo) e foi convidada para o seminário 'Os Fins da Democracia', organizado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade de Berkeley, onde a filósofa faz parte do corpo docente. 

Nesta segunda (06), Judith Butler saiu escoltada por seguranças de outro evento. Ela participou da conferência 'Por uma Convivência Democrática Radical', organizada pela Universidade Estadual de São Paulo (Unifesp). O debate acadêmico, organizado em parceria com a editora Boitempo, foi interrompido por uma manifestante, com frases com “Deixem as nossas crianças em paz” e “Menino nasce menino e menina nasce menina”. A americana reagiu com bom humor e chegou a observar que não estava ali discutindo sobre gênero. 

Por recomendação da equipe de segurança, Judith não participou da noite de autógrafos do próprio livro e saiu do local antes do fim do evento.

QUEM É JUDITH BUTLER 

Judith Butler redesenhou o campo de estudos de gênero na década de 1980, ao propor a identificação de uma pessoa como “homem” e “mulher” como algo socialmente construído, fluido, e não uma “consequência” automática do sexo biológico. A tese ficou conhecida como Teoria Queer, que aborda nos livros Problemas de Gênero – Feminismo e Subversão da Identidade, Relatar a Si Mesmo, entre outros. Atualmente, Butler dá aulas na Universidade de Berkeley, na Califórnia.

Para Judith Butler, ninguém nasce com um determinado gênero (masculino ou feminino), mas o compõe de forma performativa. A filósofa, uma referência mundial no tema, é citada por diversos livros e estudos universitários e também em texto explicativo da mostra Histórias da Sexualidade, em cartaz agora no Masp, que contou com a curadoria da antropóloga Lilia Schwarcz.

Cristina Esteche

Jornalista

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