22/08/2023

A auto-estima de Guarapuava

Curitiba – O publicitário Constantino Costa encaminhou um desabafo à Rede Sul de Notícias. Confira:

 

"Cá de longe leio o site e suas entrevistas sobre a auto-estima ferida.

E, de uma forma muito particular, também me sinto ferido, pois além de ter residido na terrinha por um tempo, desde 94 frequento esta querida Guarapuava, semanalmente. E fere, sim. Machuca, maltrata. Por onde passo, alguns comentam sobre “olha como está tua cidade lá”….e tento conversar, mas os fatos falam mais alto e a imprensa auxilia na divulgação de fatos, ainda mais os negativos.

Dos tempos do deputado Trajano, homem sério e de palavra, daqueles deputados antigos, que mereciam o respeito por onde passavam, aos tempos atuais, não existe comparação.

Dos tempos da cidade pequena, famosa pela latente divisão social que apresentava – e apresenta-, a cidade que gerava pessoas de destaque no cenário paranaense, a cidade que abrigava tropeiros em seu início.

Certamente Don Ñunez não imaginava o que aconteceria aqui. Nem o Lobo Guará, do mais alto de seu uivo, imaginaria que isto viraria no que virou.

Mas, mesmo com a auto-estima ferida, existe o lado bom da cidade, com pessoas de bem e boas, honestas e trabalhadoras, sérias e cumpridoras do fio de bigode de antigamente.

Mas dói, dói sim.

E esta dor começou anos atrás, na política, na divisão de terras, nas brigas familiares, nos casamentos estranhos para a sociedade, nas pessoas que juntaram algum dinheiro e não prestigiaram a cidade como ela deveria ser prestigiada.

Guarapuava era famosa, segundo contam, por três motivos: o granizo que, de vez em quando, devastava as plantações de maçã; algum ônibus desafortunado que caía dentro do Rio Coutinho e ao Posto de Polícia Federal com suas apreensões enormes de maconha.

E hoje, o que vemos e ouvimos, são perguntas , críticas e observações malvadas sobre um povo que não tem culpa, mas que tem sim, certa culpa.

A auto-estima foi ferida na troca de cestas básicas na madrugada pelo voto, na hora do acerto político na madrugada, na hora da traição de antigos amigos e companheiros, na hora do voto que foi dado em troca de algo e do apoio, negociado em troca de favore$$$$$$.

A auto-estima já foi ferida já atrás, quando a política passou a ser em benefício próprio e não do município.

Basta ver a região metropolitana de Guarapuava que aquilo até parece o nordeste com sua seca. Fica lá para que promessas sejam feitas e nunca cumpridas.

Basta ver o desenvolvimento da cidade, que arrumou o centro e esqueceu dos bairros.

Basta ver que a rádios, na grande maioria dos políticos, não se preocupam em levar informação e cultura para os moradores, pois a eles não interessa que o povo saiba mais, aprenda mais, entenda melhor.

Alguns esquecem da chibata, mas se pudessem ainda usariam.

Outros, esquecem do bom dia, do boa tarde, pois o orgulho é maior que a educação.

Nossa auto-estima está ferida, mas não é de hoje.

Coisas que acontecem hoje, são conseqüências de desmandos de ontem, de falta de educação de ontem, de falta de pulso e representatividade de ontem.

Política foi feita para ações em prol de quem se representa.

E aí, ficamos a ver navios se comparados a outros municípios, onde inimigos existem, mas trabalham a favor do município.

Nós, guarapuavanos de tradição e de crescimento, deveríamos nos unir contra este manda-desmanda de tantos anos.

Mesmo os bem-educados, amanhã serão os traíras.

Resgatar a auto-estima ferida requer mudanças, ações, iniciativas, comprometimentos, seriedade.

É possível?

Sim.

Basta querer. Reagir, lutar, questionar, abrir as portas da cidade para ver como está o mundo aqui fora. E não se assustar ao ver que o mundo é diferente do que teorias carlistas ou silvestristas, Krieguerianas ou Mattosleoninas.

Pensemos, façamos acontecer.

Já é hora de mostrar para quem fala mal da nossa cidade, que sabemos o que temos que fazer.

Então, façamos.

E com isso, recuperemos auto-estima ferida. E a dignidade."

Cristina Esteche

Jornalista

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