Por Arísia Barros, para o Cada Minuto
Duque de Caxias – Um gesto singular mostra a fé rompendo fronteiras. Uma igreja evangélica vai doar R$ 11.000,00 para o barracão de candomblé da mãe de santo Conceição d`Lissá, incendiado há três anos. A ajuda vem em boa hora: será utilizada na reconstrução do espaço.
O diálogo inter-religioso prova que a união ganha força. A ação partiu da congregação evangélica em conversa com a CCIR – Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, que tem como interlocutor o Babalawô Ivanir dos Santos, e vem há anos chamando à razão da sociedade para a falta de respeito ao sagrado, principalmente, os sofridos pelas religiões de matrizes africanas.
Frente às violências perpetradas por grupos ditos evangélicos aos terreiros de candomblé e umbanda no Rio de Janeiro, e diante da destruição do terreiro de Conceição d´Lissá em Duque de Caxias, em 2013, a então presidente do Conselho de Igrejas Cristãs do Estado do Rio de Janeiro (CONIC-Rio), a pastora luterana Lusmarina Campos Garcia, teve a ideia de promover a reconstrução do mesmo. Aprovada pela diretoria do CONIC-Rio, a campanha de reconstrução foi iniciada.
Essa ação contou com a CCIR, que viabilizou o contato e a comunicação entre as pessoas e organizações envolvidas neste processo. Mais do que a reconstrução do espaço físico, esta ação reconstrói relações e afirma que é a partir da solidariedade que é possível estabelecer a paz, a comunhão e o amor entre as diferentes religiões.
“Onde uns destroem, outros ajudam. Temos que combater todas as ações de ódio, preconceito, racismo e intolerância religiosa, nos unir em prol das diversidades, liberdades, pluralidade e humanidades para que juntos possamos construir, efetivamente, um país das liberdades e diversidades respeitando as alteridades”, atesta Ivanir dos Santos
ENTENDA O CASO
Em 2014, o segundo andar do barracão Cazo Kweceja Gbe, da mãe Conceição d`Lissá, foi incendiado no bairro Jardim Vale do Sol, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na noite do dia 26 de junho – caso registrado na 62º Delegacia de Polícia. Não foi o primeiro incêndio e muito menos foi o primeiro caso de violência patrimonial que a casa sofreu. Esse foi o sexto atentado contra a casa e sua dirigente, que também foi vítima de uma tentativa de homicídio. Conceição afirma “que há cunho religioso, já que sua vida é pautada na questão religiosa".