22/08/2023
Agronegócio

Especialistas comentam necessidade de vacinação contra aftosa

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Guarapuava – O governo do Paraná tem se movimentado para tornar o Estado livre da febre aftosa sem vacinação. O plano é tornar o Paraná reconhecido internacional em maio de 2011, quando o governo estadual se encontrará a Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE). Com isso, o Estado pretende suspender já a partir de novembro de 2010 as campanhas de vacinação contra doença.

Mas será que o Paraná está pronto para tal reconhecimento? “Penso que o fim da vacinação é importante, pois diminuiria custos, além de tornar carne paranaense mais competitiva para o mercado externo. Mas acho que isso precisa ser feito aos poucos”, opina o professor de medicina veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR), José Francisco Warth, destacando que Santa Catarina é o único Estado brasileiro com o status de livre da aftosa sem vacinação.

“Apesar de concordar com a atitude do governo, há riscos de extinguir a vacinação. E caso surja um novo foco as campanhas devem ser automaticamente restabelecidas”, comenta. Além de Santa Catarina, área livre da doença sem vacinação, o Paraná faz divisa com São Paulo e Mato Grosso do Sul, além da fronteira com Paraguai a Argentina. Por sinal, o último foco registrado no Paraná, em 2005, teria ocorrido graças a um vírus proveniente do Mato Grosso do Sul.

“O problema foi ocasionado devido à ausência de barreiras sanitárias naquele Estado”, informa a professora de medicina veterinária da Unicentro, Heloísa Bertagnon. “Mas foi uma situação muito estranha, já que havia apenas os títulos da doença”, comenta a professora, explicando que os títulos significam a presença do agente que pode ser ocasionada pelo vírus ou pela própria vacina, que imuniza o animal. “Não foi explicada a causa dos títulos”, salienta.

Heloísa se diz a favor do fim da vacinação, mas chama a atenção para o fato de que o assunto envolve uma série de interesses. “Existem aspectos políticos e econômicos em jogo. Os laboratórios, por exemplo, lucram muito com a vacinação. Essa tentativa de extinguir a vacinação foi expressa outras vezes, mas sem êxito. Até Santa Catarina, que hoje é livre de vacinação, teve problemas na década de 1990”, analisa.

A doença

A Febre Aftosa é uma doença viral altamente contagiosa que afeta gado bovino, búfalos, caprinos, ovinos, cervídeos, suínos e outros animais que possuem cascos fendidos. Já eqüídeos (cavalos, asnos e mulas) raramente são infectados pelo vírus. Os seres humanos raramente são infectados pela doença.

O animal afetado apresenta uma febre alta que diminui após dois a três dias. Em seguida aparecem pequenas vesículas na mucosa da boca, laringe e narinas e na pele que circunda os cascos. O animal deixa de andar e de comer e emagrece rapidamente. As capacidades fisiológicas de crescimento e engorda, e de produção de leite, são prejudicadas por várias semanas e a taxa de mortalidade entre os animais é extremamante alta.

“A vacina serve para manter o número de anticorpos do animal alto. Isso evita com que o vírus saia da célula”, explica Warth. Ele destaca ainda que a vacinação evita a manifestação clínica do vírus em animais propensos a ter a doença. “Considero importante uma vacinação anual com a extinção da mesma aos poucos. Animais mais velhos, por exemplo, receberiam menos doses do que os maios novos”, exemplifica.

Foto: divulgação

Cristina Esteche

Jornalista

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