Você já se imaginou em casa, trabalhando ou andando pela rua e, de repente, é surpreendida (o) por cerco policial em busca de foragidos?
Pois esta é a situação vivenciada, com frequência, por moradores que são vizinhos da Cadeia Pública de Guarapuava, anexa à 14ªSDP.
A sensação é de insegurança, medo e de um pedido que vem sendo repetido anos: a transferência da cadeia para outro local.
“Moro aqui há mais de 15 anos e a sensação é de impotência, de medo”, diz João Batista Neto. “Minha mulher viu o último fugitivo, cara a cara. Isso é muito perigoso, isso sem falar que a polícia dá tiros e um desses pode atingir um da gente”. Ele conta que numa das fugas, uma das suas vizinhas pegou uma espingarda e um cachorro bravo, caso o foragido, que estava escondido atrás da sua casa, a ameaçasse. “Imagina essa situação. Poderia ter sido uma tragédia”, observa.
“Não aguentamos mais essa situação. Somos pagadores de impostos e vivemos sem segurança com essa fragilidade da cadeia. Dia desses um dos marginais fugitivos ficou escondido atrás da minha casa”, emenda Maria Augusta da Silva.
“Eu estava perto da janela costurando quando ouvi a gritaria e o cara algemado correndo, pulando muro. Entrou na casa aqui do lado onde mora um casal de idoso. O velhinho passou mal. A polícia pulou o muro, entrou na casa”, diz dona Maria Aparecida Pinto. “Eu presencio fuga há muitos anos. Uma vez o fugitivo subiu numa árvore na casa do meu pai e ficou escondido. É muito perigoso”, diz a costureira.
Filho de um comerciante na Rua Guaíra, a duas quadras da Delegacia de Polícia, o jovem Samuel Veviurka faz coro aos demais. “Moramos aqui há mais de 20 anos e o medo é constante. Nessa última fuga no dia 09 tivemos que fechar a porta para proteger os clientes. Essa situação tem que ser resolvida”.
O empreendedor Vitor Schulte está radicado há mais de 30 anos a uma quadra da 14ª Subdivisão Policial, unidade que agrega a cadeia. “Essas fugas são constantes e o perigo também”, ratifica.
HÁ ANOS
A transferência da cadeia Pública de Guarapuava está na pauta há muitos anos. Audiências com o secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, já foram realizadas e envolveram os deputados Artagão Junior, Cristina Silvestri e Bernardo Carli. Porém, nenhum atitude concreta foi tomada até então.
Em novembro de 2017 o Governo do Paraná anunciou o aumento de vagas, com a implantação de shelters, ou celas modulares, em seis municípios, incluindo Guarapuava, ainda nada foi feito. Mas essas vagas, cuja quantidade não foi divulgada, mas são 612 no total, amenizaria a superlotação carcerária, um dos motivos de fugas constantes, mas não é isso que a comunidade deseja.
“Queremos a transferência imediata da cadeia. Aqui já é uma região central, bem habitada e com comércio. Não podemos mais viver à mercê dessa insegurança”, disse uma comerciante da região. Ela pediu para não ser identificada.