Mostra aborda obra de Alejandro Jodorowsky

Guarapuava – O Sesc local, com o apoio da Unicentro, traz a cidade uma mostra dedicada ao artista chileno Alejandro Jodorowsky (foto). O evento inclui exibição de filmes dele e um workshop sobre estética cinematográfica aplicada às histórias em quadrinhos, que será ministrado pelo professor do Departamento de Arte e Educação, Clóvis Cunha.

A mostra vai de segunda (12) a quinta-feira (15) na Unicentro com sessões de cinema a partir das 19h30 – será exibido um filme de Jodorowsky por dia. Já para participar das oficinas, que serão realizadas na terça e quarta-feira pela manhã também na Unicentro, os interessados devem se inscrever no Sesc, pois as vagas são limitadas em apenas 15.

A mostra que aborda a obra do artista chileno – cineasta, dramaturgo, literato, ensaísta e quadrinista – é uma realização a nível nacional, que já circulou por 22 Estados e agora chega ao Paraná. “No Estado, a mostra acontece de forma simultânea no mês de abril”, explica a responsável pelo departamento de cultura do Sesc Guarapuava, Silvana Korocoski.

Cinema

Nascido na cidade chilena de Tocopilla em 1929, Jodorowsky construiu uma carreia singular no mundo das artes, dedicando atenção especial ao cinema. Hoje tido como um ícone da arte contemporânea e artista típico da contracultura européia dos anos 1970, Jodorowsky foi incompreendido pelo público no começo da carreira, fato que pode ser percebido em 1968 durante a exibição de seu filme – Fando e Lis – no Festival de Acapulco.

A situação começou a mudar no começo dos anos 1970 com a exibição de El Topo, que obteve grande repercussão internacional, recebendo elogios de pessoas como John Lennon, Mick Jagger e Andy Warhol. O filme também lançou moda, já que a primeira exibição do mesmo foi feita de madrugada, tendência que seria seguida depois no lançamento de diversos filmes alternativos.

“El Topo representou para mim o desejo de fazer um filme sem que eu precisasse pedir permissão para fazer o que quisesse. Um filme em que eu pudesse depositar a minha alma sem esperar retorno financeiro ou público. Nos Estados Unidos ele chegou sem expectativas e, de repente, se tornou um mito, ficando dois anos em cartaz”, afirma o cineasta em entrevista concedida recentemente.

Apesar do culto em torno da figura de Jodorowsky, problemas jurídicos impediram a exibição da obra do cineasta no Brasil, fato possível apenas em algumas sessões clandestinas. A mostra visa justamente divulgar a obra de Jodorowsky no país, a partir da exibição das quatro primeiras películas dele: La Cravate (1957), Fando e Lis (1968), El Topo (1970) e A Montanha Sagrada (1973).

A filmografia completa de Jodorowsky inclui ainda mais três obras: Tusk (1980), Santa Sangre (1989) – muito elogiado pela crítica – e The Rainbow Thief (1990).

Homem multimídia

Além carreira como cineasta e ator, Jodorowsky desenvolve trabalhos em diversas áreas como teatro, literatura e história em quadrinhos. Ele se iniciou no mundo artístico ainda adolescente atuando como palhaço e artista de marionetes. Já morando em Paris, Jodorowsky fez parte da criação do Movimento Paniquete na década de 1960. O grupo multimídia fazia performances ao vivo misturando teatro de vanguarda, literatura e cinema. Era o início da carreira multimída do artista, que atua em diversos tipos de arte.

“Jodorowsky é um dos artistas precursores do que hoje se conhece como ‘multimídia’: um homem de inúmeras facetas que desafia e extrapola todos os limites do espiritual na arte”, comenta o curador Guilherme Marback.

Um das áreas de atuação de Jodorowsky são as histórias em quadrinho, onde realizou trabalhos de destaque como Incal – resultado da adaptação do romance Duna, de Frank Herbert, iniciada para o cinema e não concluida – e a graphic novel Bórgia. Por isso da opção pelo workshop. “Devido a realização de trabalhos do Jodorowsky com HQs escolhemos o tema da oficina”, explica Silvana – ela destaca ainda que cada cidade escolheu sua própria programação para a mostra.
Mas em se tratando de Jodorowsky, o tema do workshop poderia ser outro, com diversas possibilidades, já que se trata de artista moderno por excelência.

Foto: divulgação