22/08/2023
Esportes

Jovem atleta sofre com a falta de apoio

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Guarapuava – Ronaldo César de Ramos (foto, com o troféu conquistado recentemente), de 10 anos, participa de provas de atletismo há apenas cinco meses. No entanto, ele já coleciona bons resultados em provas realizadas em Guarapuava e em outras cidades do Estado como Cornélio Procópio e Apucarana. Mas a maior prova do potencial do jovem atleta veio no mês passado com a vitória na XVII Corrida Rústica Brasil-Argentina, realizada na cidade de Santo Antonio do Sudoeste, fronteira com o país vizinho.

Condição para se evoluir no esporte Ronaldo mostrou que tem. O que falta a ele agora é apoio. Morador da ocupação do bairro Xarquinho, o corredor tem treinado nas precárias ruas do local. Uma vez por semana ele vai ao Estádio Municipal, fato que não pode se repetir mais vezes devido à falta de transporte. Atualmente Ronaldo tem treinado com instruções passadas, uma vez por semana, por um treinador local. A rotina do atleta inclui trabalhos diários pela manhã e no final da tarde.

“Não é fácil, faltam condições. Recentemente, ele deixou de participar de uma competição em Laranjeiras do Sul porque não tinha transporte para todo mundo. Nessa competição que ele venceu, até teve transporte, mas o Ronaldo só conseguiu ir graças a contribuições de algumas pessoas como a vereadora Eva Scharan e advogado César Silvestri Filho”, testemunha a mãe Adriana Aparecida Ribeiro, que trabalha vendendo salgadinhos – já o padrasto do garoto, Aldebaran Ribeiro se encontra desempregado. O garoto mora com mais seis pessoas em uma casa de quatro cômodos na ocupação do Xarquinho, notória pela falta de infra-estrutura básica como água encanada e luz elétrica.

Adriana destaca que a busca por apoio para o jovem atleta, que participa de uma competição em Palmas no dia 14, tem sido complicada. “Muitas pessoas não nos dão atenção. Já outras dizem que vão analisar a situação e nos dar um retorno, fato que nunca acontece”, lamenta.

“Ainda bem que algumas poucas pessoas e empresas tem nos ajudado, caso da Ictus, por exemplo, que ofereceu uma avaliação físico-nutricional para ele. Isso é importante, pois sabemos que como atleta o Ronaldo tem que ter um cuidado especial, ainda mais que ele está em fase de crescimento”, complementa.

Ela também destaca que a transferência do garoto para o colégio Tupy Pinheiro, muito distante da residência da família, complica a rotina de treinamentos de Ronaldo. “Ele sai de casa ao meio-dia e volta só às 18h30. Até tomar café, já que passa a tarde inteira fora, está escurecendo e sobre pouco tempo para treinar”, comenta. Adriana ressalta que o problema seria resolvido se o menino fosse transferido para o colégio Dulce Maschio, localizado a poucas quadras da casa da família.

Apesar das dificuldades, a mãe destaca o espírito de superação de Ronaldo. “Ele só começou a andar e a falar aos cinco anos de idade, pois nasceu com alguns problemas de saúde. Mesmo assim, ele tem se saído bem na escola e está na quinta série com dez anos, na idade normal”, afirma orgulhosa, mostrando os troféus de Ronaldo

“Ele também começou a correr a poucos meses e tem conseguido bons resultados, mesmo sem apoio – na corrida de Cornélio Procópio ele chegou a correr descalço, por exemplo”, comenta, esperançosa na capacidade do menino em superar as situações adversas.

Foto: Nagel Coelho/Rede Sul

Cristina Esteche

Jornalista

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