Após cerca de oito horas de julgamento marcado por depoimentos de testemunhas de acusação e de defesa, terminou o primeiro dia do júri popular que tem como réu o guarapuavano Fernando Carli Filho. Esse julgamento estava sendo aguardado por nove anos, numa batalha entre as famílias Carli e Yared, com 33 recursos para tentar derrubar o júri popular e a luta da deputada Christiane Yared que a família o responsabiliza pela morte do filho Gilmar Rafael e quer que ele seja punido judicialmente. Carli Filho dirigiu embriagado e em alta velocidade na madrugada de 07 de maio de 2009, provocando um acidente fatal que tirou a vida de Gilmar e Carlos Murilo de Almeida. Este último, filho de uma família humilde e que figura como coadjuvante durante todos os anos do processo.
Após dois intervalos, Carli Filho fez o seu depoimento. Muito emocionado ele assumiu que errou ao dirigir depois de ter ingerido bebida alcoólica. “Lembro desse acidente todos os dias da minha vida. Sou culpado e assumo a minha parcela de culpa por ter bebido e dirigido, mas nunca tive a intenção de matar ninguém. Eu não podia prever o que ia acontecer. Jamais poderia imaginar que aquele carro passaria a minha frente, ninguém podia imaginar que um carro passaria a sua frente em uma via preferencial”, disse.
Carli Filho justificou os 33 recursos utilizados durante o processo. “Eu nunca fugi, nunca me furtei de nada durante o processo. Usamos sim o direito da ampla defesa, porque acreditamos que a denúncia contra minha pessoa não é correta. Eu jamais tive a intenção de matar alguém. Nunca saí de casa com a intenção de matar”, insistiu.
Antes, ele pediu desculpas às famílias que perderam seus filho e olhando para Vera Almeida e Christiane Yared ele disse: “Esta é a primeira oportunidade que estou tendo para pedir desculpas. Esse foi o maior erro da minha vida”.
Carli Filho disse também que não lembra de nada desde o sábado no restaurante até acordar dois dias depois num hospital. Ele lembra que jantou com a família e que depois encontrou amigos com quem continuou comendo e bebendo.
Durante o depoimento o promotor questionou sobre o percurso que fez após sair restaurante e ele disse que não lembra de nada. Sobre as multas de trânsito Carli Filho respondeu que o carro era utilizado também com funcionários do seu gabinete e que não tinha recebido nenhum comunicado que a sua CNH estava cassada.
Sobre os processos que tramitam na área cível Carli Filho contou que fez acordo com uma das famílias e que a outra não o recebeu.
O julgamento foi encerrado por volta das 21h30 desta terá (27) e será retomado nesta quarta (28) às 9 horas. A previsão é que Carli Filho receba a sentença até o final da tarde.