O Ministério Público e a assistência de acusação contra o guarapuavano Fernando Carli Filho, sustentaram a tese de crime doloso – quando tem a intenção de matar, embora o réu esteja sendo julgado por crime culposo – quando mata por imprudência, negligência ou imperícia, de forma inconsciente. O argumento da acusação, nesta quarta feira (28), é que o ex-deputado assumiu o risco de matar por dirigir embriagado, em alta velocidade e com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) cassada. Durante essa fala, o promotor Marcelo Balzer exibiu documentos do Detran num telão. Entre várias acusações, o promotor critica a tentativa de reverter a culpabilidade por parte da defesa que pretende reverter o caso para crime de trânsito. Esse é o principal argumento para minimizar o impacto da sentença. “Se não bastasse a dor do luto, a família precisa conviver com a revolta”, disse o promotor. Dois jovens de duas famílias diferentes morreram durante o acidente ocorrido em 07 de maio de 2009: Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida. Carli Filho dirigia em alta velocidade e para o promotor o carro conduzido pelo ex-deputado foi uma “guilhotina” que atingiu as duas vítimas. Testemunhas também confirmam que o carro “decolou” e atingiu o veículo dirigido por Yared. Imagens foram exibidas no telão.
Outra parte destacada pelo MP foi o pedido de perdão feito pelo réu, primeiramente em vídeo, e ontem, terça (27), durante depoimento no Tribunal do Júri. Balzer disse que Carli Filho não foi sincero e lembrou, por volta das 10h38, que o ex-deputado está no Tribunal do Júri “porque quem tem que condenar ele é o povo, o mesmo povo que o elegeu deputado”, disse dirigindo-se ao Conselho de Sentença.
Ainda ontem, terça, a mãe de Carli Filho, Ana Rita pediu perdão à Vera Almeida, mãe de Carlos Murilo. No mesmo tempo, uma tia do guarapuavano pediu perdão à Christiane Yared. Os pedidos não foram aceitos. “Ainda há muito mágoa….. não sei se consigo”, disse Vera. “Carli Filho não me pediu perdão. Ele não pediu perdão a mim, ele pediu perdão a uma rede social. Ele pediu perdão para tentar melhorar a imagem dele perante a sociedade. Perdão se pede olhando nos olhos, chorando e abraçando”, afirmou Christiane que passou mal vendo as imagens do acidente.
Nesta quarta, após o pronunciamento do promotor, o criminalista Elias Mattar Assad, que atua na assistência da acusação, exibiu trechos de reportagens no dia do acidente, além de depoimentos de testemunhas.
Tentando convencer os jurados sobre a culpabilidade do reú, Assad destaca que mesmo condenado, Carli Filho poderá cumprir pena em Guarapuava, “que é onde mora, poderá em breve ter progressão, enquanto as vítimas têm direito apenas a túmulos, perpetuamente. Tem sangue aqui neste plenário”.
Às 11h10 foi determinado recesso de 10 minutos.
CHEGADA
Houve tumulto durante a chegada de Carli Filho na manhã desta quarta feira, no Tribunal do Júri. Manifestantes não pouparam xingões e pedidos para que o ex-deputado seja preso. A sessão começou com 15 minutos de atraso.
Foto da capa: Reprodução/RPC