22/08/2023
Cotidiano

Guarapuava: impossível esquecer Biquini Cavadão

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Por Cristiano Martinez
 
 
Com 25 anos de história no rock brasileiro, completados em 2010, o Biquini Cavadão é uma banda que já não precisa provar mais nada em sua consolidada carreira. Porém, “cada show é um show”, parafraseando aquela máxima do futebol. Traduzindo: cada apresentação é um teste de fogo para uma banda ou artista do meio musical, pois as cidades e os públicos se diferenciam bastante, trazendo desafios.
No show desta sexta-feira, 23 de abril, o Biquini passou mais uma vez no teste, cativando e contagiando o público da cidade paranaense de Guarapuava (distante cerca de 250 km de Curitiba). O Pharol Club, casa de espetáculos, estava lotado de fãs da banda, amantes do rock and roll, simpatizantes da boa música e afins. Atendendo às expectativas, o Biquini deu conta do recado.
Misturando sucessos antigos (“Impossível”, “Zé Ninguém”, “Tédio”, “Timidez”, “Mundo da Lua” etc.) a composições mais recentes (“Dani”, “Em algum lugar do tempo”, “Vou te levar comigo” etc.), a banda carioca estava divulgando o CD/DVD 80 Vol 02 (2008), em que revisita alguns clássicos feitos por sua geração, a dos anos 80. Assim, canções emblemáticas como “Índios”, do Legião Urbana, “Inútil”, do Ultraje a Rigor, “Astronauta de Mármore”, do Nenhum de Nós, entre outras, ganharam nova roupagem em versões muito peculiares.
É o caso, por exemplo, de “Exagerado”, composta e gravada originalmente por Cazuza, o “poeta do rock”. Na leitura do Biquini, ela recebeu alguns elementos eletrônicos orquestrais, cujo efeito foi ampliar sonoricamente o refrão, tornando-o mais empolgante e elevado. Méritos de Miguel Flores da Cunha, tecladista da banda. Isso sem contar a guitarra de Carlos Coelho, suingada e dançante.
Aliás, Coelho pode não ser um guitarrista virtuoso, que se esmera nos solos difíceis e “viajantes”, mas ninguém pode negar sua empatia com o público e sua capacidade de criar e executar riffs e bases contagiantes. Nesse quesito, a banda, como um todo, é especialista em captar a essência do pop, levando o público a entrar no ritmo da coisa. Não é à toa que Bruno Gouveia (vocal), Carlos Coelho (guitarra), Miguel Flores da Cunha (teclado) e Álvaro Birita (bateria) – além do baixista Sheik, que saiu da banda em 2000 – podem ser considerados verdadeiros hitmakers, pois produziram ao longo desses 25 anos canções que embalaram gerações. Inclusive, “Vento Ventania” (também tocada no show) foi a música mais executada nas rádios brasileiras em 1992.
Felizmente, o público de Guarapuava e região pôde sentir mais uma vez (essa foi a terceira passagem da banda pela cidade) o desempenho do Biquini Cavadão. E de maneira muito próxima, pois o palco era quase na mesma altura da pista, possibilitando que o vocalista Bruno e o guitarrista Coelho “invadissem” a área do público para cantar junto com ele, integrando-se à massa do Zé Ninguém.
O ápice foi quando Bruno chamou ao palco uma jovem fã para cantar “No mundo da Lua”. Nos últimos anos, o Biquini costuma escolher aleatoriamente pessoas da plateia para participar dessa canção. É uma ocasião inesquecível para qualquer amante da música; e a menina Larissa, a que foi selecionada desta vez, talvez nunca mais se esqueça disso.
De tudo, o único inconveniente foi o som, que estava numa qualidade baixa e com pouca definição de graves e agudos. Às vezes, não dava para entender o que o vocalista cantava e os solos de guitarra ficaram opacos, sem expressão.
Agora, resta ao povo guarapuavo esperar a próxima apresentação do Biquini Cavadão e de outros nomes do rock.
 
Foto: (Cristiano Martinez)
 

Cristina Esteche

Jornalista

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