22/08/2023


Segurança

Mulher tem o rosto queimado com óleo quente por suposta traição

Região se ressente com a falta de políticas públicas regionais de combate à violência contra a mulher

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Uma suposta traição e como consequência mais uma mulher agredida gravemente. O caso é mais um que engrossa as estatísticas diárias dos boletins policiais e foi registrado na madrugada dessa terça (20) em Nova Tebas, a 136 quilômetros de Guarapuava. De acordo com a Polícia Militar, o homem, 27 anos, informou cometeu o crime porque tinha descoberto uma possível traição de sua companheira, 21 anos. Ele aqueceu uma panela com óleo e, enquanto a jovem estava deitada, jogou o líquido quente sobre o seu rosto. A vítima foi levada ao hospital municipal da cidade.

Casos de violência que chegam também à morte, como os três feminicídios com requintes de crueldade registrados na região nos últimos 30 dias, chamam a atenção para a necessidade urgente de políticas públicas regionais nessa área e que deveriam ser implantadas e assumidas pelo Governo do Estado. De acordo com a secretária de Políticas Públicas para Mulheres em Guarapuava, Priscila Schran de Lima, os municípios de pequeno porte não conseguem organizar uma rede de enfrentamento.

“Durante o encontro regional que realizamos na semana passada fizemos uma oficina com os municípios onde sugerimos que a Prefeitura, a Igreja, as polícias, as escolas, os postos de saúde se unam e montem uma rede que comece a trabalhar essa questão. Todos tem o Cras [Centro de Referência em Assistência Social], Conselho Tutelar”.

Ainda segundo a secretária, não basta Guarapuava ser o polo regional e ter uma rede estruturada.

“Nossas vizinhas estão sofrendo e estão morrendo com violências gravíssimas. É que preciso que os municípios enfrentem essa situação e se organizem de acordo com a sua própria realidade”.

Os números da violência contra a mulher em Guarapuava são oscilantes. Em 2017 foram registrados 344 casos contra 319 em 2016, o equivalente a 7,8% a mais no ano passado em relação ao anterior, de acordo com a secretaria. No relatório da PM, foram 536 em 2016 contra 472 em 2017.

ENFRENTAMENTO

Em Guarapuava, a Rede de Enfrentamento é uma das mais bem organizadas do país. Além da Secretaria específica o combate à violência contra a mulher, criada na primeira gestão do prefeito Cesar Silvestri Filho (PPS), a Rede conta com o trabalho conjunto, principalmente, entre as secretarias municipais de saúde, assistência social, obras, Delegacia da Mulher, Polícia Militar Judiciário, Ministério Público, entre outros. Qualquer atendimento policial nesse sentido é encaminhado ao Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, o CRAM, para o atendimento necessário dentro da própria Secretaria.

Uma casa abrigo, hoje com mulheres e crianças abrigadas, dá suporte e segurança ao público alvo. Existem apenas quatro no Paraná (Guarapuava, Maringá, Londrina e Foz do Iguaçu). Em Curitiba há apenas casas de passagem.

Segundo Priscila, na política de regionalização o Estado implantaria novas unidades polos e se responsabilizaria pelo custeio. Entre locação, equipe de profissionais e custeio, em Guarapuava, o custo não chega a R$ 20 mil por mês.

“Não é um custo alto e estamos salvando vidas”. De acordo com a secretária, por enquanto, Guarapuava ainda está acolhendo vítimas de outros municípios desde que a administração municipal se responsabilize pelas despesas.

“Mas em breve, podemos atender apenas vítimas locais como já está acontecendo em Maringá e Londrina”.

Cristina Esteche

Jornalista

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