As documentaristas venezuelanas Verónica Otero e Cori Malvestuto saíram de seu país em seis de outubro de 2017, com destino ao Brasil, para realizar um sonho. Com uma kombi e uma ideia inspiradora surgiu o projeto “Buscando a mi gente”, uma iniciativa de viajar pela América do Sul conhecendo as pessoas, suas vidas e histórias.
O veículo, carinhosamente chamado de Vela Blue, é a ferramenta de passagem das aventureiras que entraram no Brasil por Roraima e, em nosso país, já percorreram 15 estados do norte, do nordeste, sudeste e do centro-oeste brasileiro. Na região sul, a primeira cidade visitada foi a capital do Paraná.
Justamente na passagem por Curitiba, Verónica e Cori, em contato com uma produtora da capital e de São Paulo, descobriram uma família de Guarapuava que poderia recebê-las em sua casa.
A oportunidade veio ao encontro exato da proposta de viagem das venezuelanas que destacaram como principal objetivo o encontro com gente. “Cada vez mais entramos na casa das pessoas, conhecê-las é nosso privilégio”, conta Verónica.
Assim, nessa terça feira (3), Vera Blue, Verónica e Cori chegaram a Guarapuava e foram recebidas pela família de Rita Felchak. A notoriedade da Felchak Produções abriu portas para a acolhida das documentaristas, que consideraram a surpresa, mais um bom presente da viagem.
O plano antigo era dormir em um posto de gasolina e seguir estrada na manhã seguinte. “Nossa rede humana é muito bonita e, por isso, temos esse privilégio. Paramos aqui e pudemos conhecer essa família teatreira, tão incrível”, comemora Verónica.
A passagem pela cidade do terceiro planalto foi encerrada na quarta feira (4). A rapidez levou em conta um aspecto legal. Cori e Verónica estão no país há seis meses e já renovaram duas vezes seu pedido de permanência. Desse modo, ambas possuem poucos dias para deixar o Brasil.
Da passagem por nosso país, a dupla evidenciou o encontro com paisagens variantes e diferenças de ritmos. “São muitos mundos, vivendo em um só país. É um privilégio”.
Do tempo na estrada, a principal recordação das venezuelanas sobre o trajeto já percorrido é a solidariedade e acolhida brasileira.
“Um amigo nos disse que estamos vivendo o sonho de muitos brasileiros. Então, uma forma deles se realizarem conosco é dizendo: o que precisas? Eu te ajudo. Isso está em todo o país”.
Além do Brasil, outros nove países integram a lista de destinos sulamericanos das venezuelanas, que trabalharam na organização desse projeto por quatro anos. Mesmo tendo percorrido apenas o território brasileiro, de acordo com ambas, um terço da quilometragem da viagem já foi cumprida.
Por serem documentaristas, Cori e Verónica registram todos os seus caminhos. Cada cidade, cada povo, toda a gente. Por isso, toda a viagem pode ser acompanhada por meio do site, do Facebook e do Instagram do projeto.
Para unificar a identidade sul-americana, as venezuelanas tem como principal ferramenta de troca a cultura. Por onde passam, Cori faz apresentações musicais com canções de sua autoria e também de músicas latino-americanas. Os palcos são as praças, teatros, salas e ruas das cidades visitadas.
Além disso, o cinema também acompanha a turnê do “Buscando a mi gente”. Nas paradas, são exibidos filmes do cinema latino-americano e mundial.
“Não somos só venezuelanas. Na viagem temos outra posição, outro lugar. Quem eu sou? Eu sou nada, somos sul-americanas”.
O próximo destino das aventureiras é a turística cidade de Foz do Iguaçu. De lá, Cori e Verónica deixam o país com rumo ao nosso vizinho Paraguai.