22/08/2023
Política

Artigo escrito em 1941 mostra que pouco, ou nada, mudou em Guarapuava

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Da redação –  Um texto publicado no extinto jornal Folha do Oeste e recuperado pelo jornalista Carlos Fernando Huff mostra que muito pouco, ou nada, mudou em Guarapuava.

O artido escrito pelo professor Amarílio Rezende de Oliveira publicado na edição de 02 de março de 1941 impressiona pela atualidade.

Ou como observa Carlos Fernando Huff, "qualquer semelhança com outros tempos é mera coincidência?
Tudo como dantes no quartel de Abrantes?" . Leia o artigo na íntegra: 

"Precisamos reagir!

Amarílio Rezende de Oliveira (*)

É lamentável, deselegante e até comprometedor, o desinteresse que o povo guarapuavano tem demonstrado pelas causas enobrecedoras e de grande importância para a vida do município. (…)
É preciso que o guarapuavano reaja contra o comodismo e o desinteresse que demonstra pelas causas que dizem respeito à nossa terra.
Ainda não há muito tempo, uma alta autoridade da administração do Estado, numa reunião dos criadores de gado deste município, disse que era preciso uma reação contra a rotina e a indolência da nossa gente, para que o progresso de Guarapuava não “crescesse para baixo, como cauda de cavalo”…
Muita gente não gostou dessa pitoresca expressão, mas até hoje nada fizemos para não aceitar o diploma de incapacidade, pois continuamos na mesma vidinha de comodismo rotineiro e de verdadeira inércia mental.
Perecemos um aglomerado de homens desesperançados, sem ideal, vivendo como “sebastianistas”, à espera de que, com a chegada da locomotiva que faz que vem mas não vem, das suas grossas chaminés, ao invés de fagulhas, jorrem libras esterlinas… e então Guarapuava, como nos contos de fadas, do dia para a noite se transforme em nova Califórnia.
É verdade que, com a vinda da locomotiva, tudo terá que melhorar, mas é necessário irmos desde já construindo o necessário “alicerce” para o tão gigantesco e merecido desenvolvimento de nossa terra.
Falando em “locomotivas”, a imprensa publicou uma notícia de que os trabalhos da “nossa” estrada foram paralisados, a fim de que seja atacada a ligação Riosinho-Porto Amazonas – e nenhum “representante legítimo de Guarapuava”, ou quem de direito, promoveu uma reunião a fim de se fazer um memorial pedindo, implorando mesmo, ao Governo ou ao Administrador da Rede, a continuação dos trabalhos, até alcançar a nossa sonolenta cidade.
Mas, qual! Ninguém se incomodou. Que importa que a casa do vizinho esteja ardendo, si a nossa está longe das chamas devoradoras… Ó comodismo insensato!
Precisamos reagir, precisamos afugentar essa pasmaceira doentia, essa moleza mental, a fim de vibrarmos, altivos, demonstrando vitalidade, força de vontade – integrando-nos assim a um movimento sadio de brasilidade, acompanhando com galhardia a marcha do progresso, orientada pelo dinâmico Governo do Estado, a fim de que possamos alcançar e marchar, ombro a ombro, com os demais municípios paranaenses que, com menores possibilidades, estão na nossa dianteira."

(*) O texto do prof. Amarílio, publicado na edição de 02.03.1941 do jornal Folha do Oeste, impressiona pela atualidade.

Cristina Esteche

Jornalista

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