22/08/2023


Região Segurança

Aguardando cumprimento de reintegração, pecuarista tem casa incendiada em Laranjal

Documento para reintegração foi expedido em 2017, mas, até o momento, não foi executado

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Foi incendiada nesta semana mais uma casa da família do agropecuarista Amarílio Kruger, do município de Laranjal, a 168 quilômetros de Guarapuava. A residência era a última que tinha sobrado após o início do conflito agrário entre a família de Kruger e integrantes do Movimento dos Agricultores Sem Terra do Oeste (Mastro). A casa queimada nesta semana estava localizada dentro da Fazenda Syracuze. Uma liminar para reintegração de posse foi expedida em novembro de 2017, mas, até o momento, não foi cumprida.

“Agora nós estamos sem ter onde morar. E reféns da inércia do Estado. Se a liminar tivesse sido cumprida quando foi expedida, talvez isso não tivesse acontecido”, diz Kruger.

De acordo com Kruger, a última casa da propriedade foi queimada na noite dessa quarta feira (18), quando a sua esposa e filhos estavam fora da residência. A invasão começou no final de 2017 e, desde então, os conflitos são constantes. Em março deste ano, barracões, máquinas e implementos agrícolas também foram consumidos pelo fogo, ateado em vários pontos da área da qual Amarílio é arrendatário desde 2015.

“Iam atear fogo com a minha família dentro”, disse o guarapuavano.

Com base na liminar, estava marcada para o dia 22 de março a reintegração de posse da área, porém, problemas burocráticos interromperam a retomada das terras. De acordo com Kruger, o processo de mudança do Governo do Estado influenciou o atraso.

Em entrevista ao Portal RSN, o Comando do 16º Batalhão da Polícia Militar de Guarapuava explicou que a liberação para reintegração depende da Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária (SESP) do Estado.

“Eu não tenho autonomia para cumprir a reintegração no momento que a liminar é expedida. Existe todo um trâmite por trás disso. Neste caso eu sou um mero executor”, informou o tenente-coronel Mário Jorge.

Segundo o comandante, o trâmite para a reintegração envolve, após a expedição da liminar, um informe para o escalão superior ao batalhão, um estudo de situação e, posteriormente, o envio dos resultados deste estudo para o 4º Comando Regional, de Ponta Grossa. Só depois da análise do caso é que a SESP autoriza o processo de reintegração para execução pelo 16º BPM, de Guarapuava.

“Houve a mudança no prazo da liberação por motivos que estão fora da alçada do batalhão”, completa Mário Jorge.

Cristina Esteche

Jornalista

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