Faltando pouco mais de uma semana para o fim do prazo que os médicos do Instituto Virmond deram para a regularização de pagamentos atrasados do corpo clínico da instituição, a administração do hospital continua fechada em copas sobre como pretende solucionar o caso. Em 21 de março deste ano, um documento assinado por 42 médicos do hospital informa que, caso os vencimentos não sejam regularizados até o dia 30 de abril, toda a equipe irá se desligar da instituição. Segundo este mesmo documento, os médicos estão com atrasos em folha desde novembro de 2017.
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Desde que o caso veio à tona, o Portal RSN tentou contato, inúmeras vezes, com a administração do hospital, porém, sem êxito em todas as tentativas. Nesta segunda feira (23), a reportagem tentou, mais uma vez, contato com o diretor-clínico e com o diretor-administrativo da instituição, mas sem resposta até o fechamento desta matéria (10h23).
O documento assinado pelos médicos foi protocolado, ainda em março, junto ao hospital, à 5ª Regional de Saúde, à Secretaria de Saúde do município, ao Conselho Regional de Medicina do Paraná e à Câmara de Vereadores. De todas as instituições que receberam o documento, apenas a câmara se manifestou publicamente sobre o caso, na plenária do dia 9 de abril, através de integrantes da Comissão de Saúde da casa de leis.
PRAZOS
No documento, o corpo clínico do Instituto deu o prazo de 15 dias, a partir de 21 de março, para o pagamento do restante dos valores relativos aos serviços prestados em novembro de 2017, sob pena da suspensão de atividades eletivas e ambulatoriais, limitando o atendimento de urgências e emergências após triagem. Este prazo, que se encerrou no dia 5 de abril, fui cumprido pelo hospital.
O segundo e último prazo que o documento determina diz respeito ao desligamento dos médicos caso o pagamento de todos os débitos não seja realizado até 30 de abril. A equipe informa, ainda, que as escalas de plantões presenciais e de sobreavisos referentes a maio só serão compostas e informadas após a quitação de todos os débitos vencidos.
“O atraso de repasses tem gerado inúmeros transtornos nas fianças dos médicos, alguns deles com dedicação exclusiva ao Instituto Virmond e vários outros que dedicam a maior parte de sua carga horária de trabalho a essa instituição, o que os obrigou a recorrer a serviços de empréstimos bancários com cobrança de juros para honrar seus compromissos e garantir que suas necessidades básicas e de suas famílias sejam atendidas”, diz um trecho do documento.
ARGUMENTAÇÃO
No documento, os médicos argumentam que o Instituto Virmond responsabiliza o não pagamento à falta de repasse pontual dos valores do Programa de Apoio aos Hospitais Públicos e Filantrópicos do Paraná (HOSPSUS). O valor do repasse pelo Governo do Estado do Paraná neste programa é de cerca de R$ 250 mil.
Porém, os médicos argumentam, ainda, que mesmo que o repasse seja regularizado, o que se efetivou em março deste ano, o hospital alega que ainda não terá recursos suficientes para o custeio dos serviços médicos da instituição.
Na nota, os médicos lamentam os atrasos, reforçando que vivem para cuidar do próximo e que precisam “ter a garantia de condições de trabalho e adequada e pontual remuneração que garantam a serenidade e dignidade” para exercer a vocação.
IMPACTO
Diariamente, a equipe do Instituto Virmond realiza, em Guarapuava, o atendimento de moradores de pelo menos 20 municípios cobertos pela 5ª Regional de Saúde, sem contar atendimentos realizados a regionais vizinhas. Só em 2017, de acordo com informações do corpo clínico do hospital, mais de 7200 pessoas foram internadas para tratamentos na instituição.
Além disso, o Instituto Virmond é, atualmente, o maior captador de órgãos e tecidos de toda a região. É, também, o único hospital do entorno de Guarapuava com leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica.
A relevância do hospital e do corpo clínico também tem impacto importante na maternidade, com uma média de 150 partos mensais, dos quais pelo menos 50 são de alto risco.