Membros da administração do Instituto Virmond, de Guarapuava, se reuniram com o secretário de saúde do Estado, Antônio Carlos Nardi, em busca de uma solução para o pagamento dos salários atrasados dos médicos do hospital. De acordo com um documento assinado pelos médicos, o corpo clínico do Instituto está com atrasos em folha desde novembro de 2017. Se os débitos não forem pagos até o dia 30 deste mês, os profissionais prometem se desligar da instituição.
A reunião, que foi realizada em Curitiba, contou com a participação do diretor-clínico do hospital, Frederico Guilheme Keche Virmond Filho, do administrador, Newton Elias Gonçalves, do diretor da 5ª Regional de Saúde de Guarapuava, Márcio Brunsfeld de Oliveira, do diretor-técnico do hospital, Jarbas Silva, e do deputado estadual Bernardo Carli. O encontro aconteceu na sede da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná nessa segunda feira (23). Esta foi a terceira reunião sobre o assunto realizada entre o secretário Nardi e o Instituto desde que o documento dos médicos veio à tona, no dia 21 de março.
De acordo com Márcio, uma possível solução para o impasse foi encontrada, porém, esta solução só será divulgada pela administração do hospital após a diretoria do Instituto discutir a proposta com os médicos.
“Nós estivemos lá e discutimos toda a situação com o secretário. Abordamos as dificuldades que o hospital vem passando e o Estado se mostrou solicito em resolver a situação. O Instituto Virmond hoje é um hospital estratégico para a saúde de Guarapuava e região e não podemos ficar omissos ao que está acontecendo”.
No documento assinado pelos médicos, eles argumentam que o Instituto Virmond responsabiliza o não pagamento à falta de repasse pontual dos valores do Programa de Apoio aos Hospitais Públicos e Filantrópicos do Paraná (HOSPSUS). O valor do repasse pelo Governo do Estado do Paraná neste programa é de cerca de R$ 250 mil. Porém, de acordo com o diretor da 5ª Regional, não houveram atrasos significativos no repasse deste programa.
“Nós buscamos os extratos dos repasses do Governo e eles estavam em dia. Houve um pequeno atraso no início de 2018, mas nada significativo. Em pouco tempo o processo foi normalizado”.
REPASSE
De acordo com Márcio, atualmente, o hospital filantrópico tem um teto de R$ 1,3 milhões por mês para recebimento de recursos do Governo do Estado. Os recursos são repassados através de diversos programas e convênios, como o próprio HOSPSUS e o Rede Mãe Paranaense, entre outros.
“Como este valor é controlado é uma questão de gestão do próprio hospital”.
PRAZOS
No documento, o corpo clínico do Instituto deu o prazo de 15 dias, a partir de 21 de março, para o pagamento do restante dos valores relativos aos serviços prestados em novembro de 2017, sob pena da suspensão de atividades eletivas e ambulatoriais, limitando o atendimento de urgências e emergências após triagem. Este prazo, que se encerrou no dia 5 de abril, foi cumprido pelo hospital.
O segundo e último prazo que o documento determina diz respeito ao desligamento dos médicos caso o pagamento de todos os débitos não seja realizado até 30 de abril. A equipe informa, ainda, que as escalas de plantões presenciais e de sobreavisos referentes a maio só serão compostas e informadas após a quitação de todos os débitos vencidos.
“O atraso de repasses tem gerado inúmeros transtornos nas fianças dos médicos, alguns deles com dedicação exclusiva ao Instituto Virmond e vários outros que dedicam a maior parte de sua carga horária de trabalho a essa instituição, o que os obrigou a recorrer a serviços de empréstimos bancários com cobrança de juros para honrar seus compromissos e garantir que suas necessidades básicas e de suas famílias sejam atendidas”, diz um trecho do documento.
IMPACTO
Diariamente, a equipe do Instituto Virmond realiza, em Guarapuava, o atendimento de moradores de pelo menos 20 municípios cobertos pela 5ª Regional de Saúde, sem contar atendimentos realizados a regionais vizinhas. Só em 2017, de acordo com informações do corpo clínico do hospital, mais de 7200 pessoas foram internadas para tratamentos na instituição.
Além disso, o Instituto Virmond é, atualmente, o maior captador de órgãos e tecidos de toda a região. É, também, o único hospital do entorno de Guarapuava com leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica.
A relevância do hospital e do corpo clínico também tem impacto importante na maternidade, com uma média de 150 partos mensais, dos quais pelo menos 50 são de alto risco.