Uma possível solução para o impasse envolvendo o Instituto Virmond e os médicos da instituição foi apresentada pelo Governo do Estado do Paraná com o adiantamento de um repasse de R$ 800 mil, oriundo do recurso liberado pelo Ministério da Saúde através do Teto Financeiro de Média e Alta Complexidade (MAC). A informação foi confirmada ao Portal RSN pelo diretor da 5ª Regional de Saúde de Guarapuava, Márcio Brunsfeld de Oliveira. O valor deverá estar no caixa da instituição até a próxima segunda feira (30), dia em que acaba o prazo dado pelos médicos do Instituto para a quitação de todos os débitos pendentes, sob pena da equipe se desligar do hospital caso a regularização não aconteça.
“Este valor já foi empenhado e estará disponível em breve. Mas é importante lembrar que se trata de um adiantamento. Logo, o hospital deverá pagar este valor. Ele foi dividido em 10 parcelas de 80 mil, que já começam a contar a partir de maio”, explica Márcio.
Entretanto, a liberação do valor pelo Governo do Estado não soluciona de imediato os problemas de atrasos nas folhas de pagamento do corpo clínico, que está com débitos pendentes desde novembro de 2017. Isso porque informações extraoficiais de pessoas ligadas ao Instituto Virmond indicam que o saldo devedor do hospital filantrópico junto aos médicos seria maior do que o valor autorizado pelo Estado. Desde que o caso veio à tona, em 21 de março deste ano, o Instituto Virmond não se manifestou publicamente nenhuma vez sobre os atrasos, nem informou qual é o valor total do débito junto ao corpo clínico.
Ainda de acordo com informações apuradas pelo Portal RSN por fontes que preferem não se identificar, com base no repasse do governo estadual, uma proposta de parcelamento foi feita ao corpo clínico da instituição, sob garantia da normalização dos pagamentos integrais a partir dos vencimentos de abril. Os valores anteriores seriam pagos gradativamente.
O diretor-técnico do hospital, Jarbas Silva, confirmou a esta reportagem que uma proposta foi apresentada pela direção do Instituto, mas não mencionou o teor da possível solução. O jornalismo do RSN procurou, mais uma vez, nesta sexta feira (27), o diretor-clínico do hospital, Frederico Guilheme Keche Virmond Filho, para comentar sobre o caso, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria (17h08).
Informações extraoficiais apontam que o hospital, agora, deve apresentar uma proposta por escrito aos médicos. Um posicionamento do corpo clínico deve ser emitido após a análise do caso.
LUZ NO FIM DO TÚNEL
A ajuda do governo do Estado surgiu como uma luz no fim do túnel na última segunda feira (23), quando uma reunião foi realizada em Curitiba entre o Secretário de Saúde Antônio Carlos Nardi e o diretor-clínico do hospital, Frederico Guilheme Keche Virmond Filho, o administrador, Newton Elias Gonçalves, o diretor da 5ª Regional, Márcio Brunsfeld de Oliveira, o diretor-técnico do hospital, Jarbas Silva, e o deputado estadual Bernardo Carli.
Poucos dias após a reunião, a governadora Cida Borghetti autorizou a liberação de um convênio no valor R$ 300 mil mensais para a implantação e manutenção do ambulatório de ortopedia no Instituto Virmond, o que também trará um maior suporte financeiro para a instituição. Antes deste repasse ser autorizado, segundo o diretor da 5ª Regional de Guarapuava, o valor liberado mensalmente pelo governo ao hospital filantrópico tinha um teto de R$ 1,3 milhões. Os recursos são repassados através de diversos programas e convênios, como o próprio HOSPSUS e o Rede Mãe Paranaense, entre outros.
“Como este valor é controlado é uma questão de gestão do próprio hospital”, relembra Márcio.
PRAZOS
No documento assinado por médicos do hospital, o corpo clínico deu o prazo de 15 dias, a partir de 21 de março, para o pagamento do restante dos valores relativos aos serviços prestados em novembro de 2017, sob pena da suspensão de atividades eletivas e ambulatoriais, limitando o atendimento de urgências e emergências após triagem. Este prazo, que se encerrou no dia 5 de abril, foi cumprido pelo hospital.
O segundo e último prazo que o documento determina diz respeito ao desligamento dos médicos caso o pagamento de todos os débitos não seja realizado até 30 de abril. A equipe informa, ainda, que as escalas de plantões presenciais e de sobreavisos referentes a maio só serão compostas e informadas após a quitação de todos os débitos vencidos.
“O atraso de repasses tem gerado inúmeros transtornos nas fianças dos médicos, alguns deles com dedicação exclusiva ao Instituto Virmond e vários outros que dedicam a maior parte de sua carga horária de trabalho a essa instituição, o que os obrigou a recorrer a serviços de empréstimos bancários com cobrança de juros para honrar seus compromissos e garantir que suas necessidades básicas e de suas famílias sejam atendidas”, diz um trecho do documento.
IMPACTO
Diariamente, a equipe do Instituto Virmond realiza, em Guarapuava, o atendimento de moradores de pelo menos 20 municípios cobertos pela 5ª Regional de Saúde, sem contar atendimentos realizados a regionais vizinhas. Só em 2017, de acordo com informações do corpo clínico do hospital, mais de 7200 pessoas foram internadas para tratamentos na instituição.
Além disso, o Instituto Virmond é, atualmente, o maior captador de órgãos e tecidos de toda a região. É, também, o único hospital do entorno de Guarapuava com leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica.
A relevância do hospital e do corpo clínico também tem impacto importante na maternidade, com uma média de 150 partos mensais, dos quais pelo menos 50 são de alto risco.